O chamado Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela, que reúne representantes da União Europeia (França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido), Bolívia, Costa Rica, Equador, México e Uruguai, disse nesta quinta-feira (7) que vai enviar uma missão técnica ao país latino-americano para ajudar em questões de ajuda humanitária e dar apoio a novas eleições assim que possível.
Reunido nesta quinta-feira (7) em Montevidéu, o grupo discutiu formas de "estabelecer um diálogo entre governo e oposição" na Venezuela, com vistas a colocar fim à crise política, econômica e humanitária que vive a Venezuela.
O grupo também pediu a convocação de eleições presidenciais livres, transparentes e confiáveis para alcançar uma solução pacífica para a crise.
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Também nesta quinta, os Estados Unidos começaram a revogar a emissão de vistos a membros da Assembleia Constituinte da Venezuela, criada em 2017 pelo ditador Nicolás Maduro e composta por aliados do ditador e que passou a exercer a função de poder Legislativo em lugar da Assembleia Nacional, eleita pelo povo.
"Os Estados Unidos estão revogando vistos aos membros da Assembleia Constituinte ilegítima", disse à imprensa Elliot Abrams, enviado para a Venezuela do secretário de Estado, Mike Pompeo. A Constituinte é presidida pelo poderoso dirigente chavista Diosdado Cabello.
Federica Mogherini, representante da UE para Assuntos Exteriores e Política de Segurança, disse que a "situação na Venezuela coloca em risco não apenas a estabilidade da América Latina mas de todo o mundo." E acrescentou que a "tarefa que nos ocupa é urgente, pois a situação da população está piorando".
O México não assinou o mais recente documento do chamado Grupo de Lima, composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia, por considerar extremas as medidas e sanções propostas contra os funcionários da ditadura.
Apesar de falar em "abertura de novos espaços políticos", o Grupo Internacional de Contato não avançou em propostas pragmáticas, além da de integrar o Vaticano e a participação do papa Francisco numa possível mediação entre as partes.
Indicou que o grupo quer evitar a 'violência interna e prevenir que o país seja vítima de uma intervenção externa", porém, apoia o estímulo para que se realizem logo novas eleições presidenciais e que se "assegure a chegada da ajuda humanitária o mais rápido possível."
Porém, há divisões no próprio grupo, uma vez que Bolívia, México, Uruguai e Itália não reconhecem formalmente Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional que prestou juramento como presidente encarregado do país em janeiro.
A Rússia, país que apoia Nicolás Maduro, lamentou não ter sido convidada para a reunião desta quinta-feira. “Esperávamos que a Rússia pudesse participar dos trabalhos que serão realizados hoje em Montevidéu, ao menos como país observador, mas nos disseram que esse formato não estava previsto para ninguém”, declarou o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, à agência de notícias RIA Novosti.
Do lado de Guaidó, em suas últimas entrevistas, também deixou claro que "o tempo para mediações e diálogos já passou e agora só se reuniria com Maduro para negociar a transição", como declarou à Folha de S.Paulo.
Ajuda humanitária
Os primeiros caminhões com ajuda humanitária para a Venezuela chegaram a Cúcuta, na Colômbia, nesta quinta. A cidade fica próxima à fronteira venezuelana.
Cerca de dez veículos chegaram por volta das 14h30 locais (17h30 em Brasília), em um centro de apoio criado ao lado da ponte Tienditas, no lado colombiano. Os veículos foram escoltados por policiais, e os funcionários aguardam instruções do que fazer em seguida.
Enviado pelos Estados Unidos, o carregamento inclui alimentos, remédios, insumos médicos e outros suprimentos para ajudar os venezuelanos, que sofrem com uma grave crise de desabastecimento.
Ainda não está definido como será feita a entrega. O governo do ditador Nicolás Maduro rejeitou a oferta de apoio, sob argumento de que a doação seria um artifício para mascarar uma invasão norte-americana ao país.
A ponte Tienditas, que liga Cúcuta a Ureña, na Venezuela, foi bloqueada por militares venezuelanos com arame e contêineres na terça (5). A oposição aponta que a barreira é uma forma do governo Maduro impedir que o carregamento entre no país.
Manter ajuda humanitária em pontos de fronteira por semanas ou meses enquanto funcionários negociam com regimes como ocorrerá a entrada dos mantimentos é comum, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.
Os moradores da região da fronteira temem que possa haver um conflito militar na área de fronteira. Um toque de recolher informal foi adotado na área, e várias famílias avaliam fugir para lugares mais seguros.
A ajuda humanitária veio após apelos de Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional que se declarou presidente encarregado da Venezuela em janeiro, e foi reconhecido por diversos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Colômbia e vários membros da União Europeia.