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Uma comissão criada pela Conferência Episcopal da França concluiu que cerca de 216 mil pessoas sofreram abusos sexuais no país, cometidos por integrantes da Igreja Católica desde 1950.
O presidente do órgão, Jean-Marc Sauvé, revelou nesta terça-feira, em entrevista coletiva, que se forem somados os casos envolvendo funcionários laicos, que trabalham em instituições ligadas à Igreja Católica, o número de vítimas pode chegar a 330 mil.
Sauvé afirmou que, ao longo de quase três anos de trabalho da comissão, criada em 2018, foram identificados aproximadamente 3 mil religiosos que cometeram abusos sexuais.
Segundo o grupo, 56% dos crimes identificados aconteceram entre 1950 e 1969; as décadas de 1970 e 1980 abrangem 22% dos casos, e os outros 22% teriam ocorrido desde então. A maioria das vítimas seriam meninos, muitos com idades entre 10 e 13 anos, diz o relatório.
Sauvé explicou que essa tendência seria justificada pela redução do número de clérigos ao longo do tempo e da presença de público em ambientes religiosos.
O representante da equipe de investigação acusou a Igreja Católica de negligência no tratamento dos casos e por ter "mantido clérigos acusados" de comportamento inadequado com crianças, apesar de denúncias recebidas.
O papa Francisco se manifestou através de comunicado sobre as conclusões divulgadas pela comissão montada para verificar os casos de abuso sexual na França e pediu perdão em nome da Igreja Católica. O pontífice também expressou gratidão às vítimas por terem tido coragem de se pronunciar.
"O pensamento vai, sobretudo, para as vítimas, com grande dor, por suas feridas, e agradecimento pela valentia na denúncia, e para a Igreja na França, porque, na consciência dessa terrível realidade, unida ao sofrimento do Senhor por seus filhos mais vulneráveis, possa embarcar em um caminho de redenção", afirmou.
O presidente da Conferência Episcopal Francesa, Eric de Moulins-Beaufort, expressou sua "vergonha e horror" e pediu perdão às vítimas. "O meu desejo hoje é pedir o perdão a cada um de vocês", afirmou na entrevista coletiva.