O líder Juan Guaidó, reconhecido por parte da comunidade internacional como presidente interino da Venezuela, condenou nesta sexta-feira a “perseguição a jornalistas” no país e manifestou solidariedade ao comunicador Roberto Deniz, cujos pais tiveram a residência em que vivem em Caracas invadida por agentes de segurança, após a emissão de um mandado de prisão contra ele. Deniz, que divulgou vários relatórios de investigação sobre o empresário colombiano Álex Saab, um suposto testa de ferro do ditador Nicolás Maduro, contou que o 32.º Tribunal da região metropolitana de Caracas solicitou à Interpol que o incluísse no sistema de “alerta vermelho internacional”.
Sobre o caso, Guaidó afirmou no Twitter que as autoridades “pretendem tornar invisível a luta dos venezuelanos e impedir que muitos levantem suas vozes contra o que está errado (...) Com a perseguição aos líderes políticos e suas famílias, os ataques contra as ONGs e a perseguição a jornalistas, o objetivo da ditadura é silenciar as vozes”. Guaidó ressaltou que a liberdade de expressão é “um pilar da democracia” e que Deniz foi responsável por denunciar, a partir do portal venezuelano Armando Info, “a corrupção da ditadura”. “Somos solidários com Roberto e sua família, assim como com toda a imprensa independente venezuelana”, enfatizou.
Em 2018, Deniz e os editores Alfredo Meza, Ewald Scharfenberg e Joseph Poliszuk, do Armando Info, foram processados por Saab pelo suposto crime de “difamação” e “calúnia” agravados, que acarretam penas de um a seis anos de prisão. O portal publicou, em abril e setembro de 2017, dois relatórios ligando Saab à empresa Group Grand Limited e à venda ao governo Maduro de alimentos a preços subsidiados para distribuição em bairros pobres. De acordo com a investigação, o governo beneficiou a empresa com um contrato multimilionário para a compra de produtos alimentícios subsidiados. Na ocasião, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou o processo e denunciou o uso pelo governo venezuelano de leis de difamação e processos judiciais para intimidar a imprensa.
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