A Venezuela celebra nesta sexta-feira (5) 208 anos de independência. Em meio à crise política e humanitária do país, a população foi para as ruas protestar contra as violações a direitos humanos pelo regime do ditador Nicolás Maduro.
No primeiro grande ato da oposição após o fracassado levante militar de 30 de abril, o presidente interino da Venezuela Juan Guaidó liderou uma marcha em Caracas desde a sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) até a Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM), o local onde foi morto o capitão Rafael Acosta Arévalo.
A família de Acosta Arévalo e a oposição acusam o regime de torturar e assassinar o capitão.
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"A metros daqui torturam e assassinam venezuelanos que pensam de forma diferente. Que o mundo inteiro veja. Não temos medo e continuamos nas ruas", disse Guaidó a centenas de pessoas em frente à entrada do DGCIM, relatou a imprensa venezuelana.
Guaidó disse ainda que as forças armadas são hoje "cúmplices das violações aos direitos humanos" denunciadas pelo relatório da ONU divulgado na quinta-feira, e convocou os militares a não serem cúmplices e "ocultar o ditador".
"Vamos marchar, vamos à liberdade pela liberdade, porque paradoxalmente hoje estamos lutando por militares torturados por militares", assegurou Guaidó.
Desfile militar
Maduro participou de um desfile militar em Caracas e anunciou que as Forças Armadas venezuelanas farão exercícios militares na fronteira, no próximo dia 24, para "colocar à prova" planos de defesa nacional em meio a "pedidos de intervenção e guerra", segundo a agência de notícias AFP.
O chefe de operações das Forças Armadas, almirante Remigio Ceballos, denunciou nesta sexta-feira um "assédio constante de exploração" e "inteligência eletrônica" dos Estados Unidos perto da fronteira e em áreas aéreas e marítimas sob jurisdição do país.
Em discurso a militares do alto escalão, Maduro afirmou que apoia o processo de negociação mediado pela Noruega entre o seu governo socialista e a oposição de Guaidó, informou a agência de notícias Reuters.
O Comitê de Direitos Humanos da ONU divulgou um relatório na quinta-feira (4), acusando as forças de Maduro de cometerem uma série de "violações graves" contra opositores e pedindo a extinço~da Força de Ação Especial da Polícia Nacional Bolivariana (Faes), responsável pela execução de mais de 6.800 pessoas do começo de 2018 até maio de 2019.