O líder oposicionista Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por vários países, declarou que desconfia da aprovação de três pedidos para iniciar o procedimento de um possível referendo revogatório do mandato do ditador Nicolás Maduro, anunciada na segunda-feira (17) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país.
“Não há nenhuma boa intenção em um CNE protegido pela ditadura. Não há boa intenção no anúncio de ontem de um CNE tutelado por Maduro”, afirmou Guaidó em entrevista ao jornal venezuelano El Nacional na terça-feira (18).
Os pedidos aprovados pelo CNE foram apresentados pelo Movimento Venezuelano para o Revogatório (Mover), Todos Unidos pelo Referendo Revogatório e o Comitê Executivo Nacional da Confedejunta em conjunto com o Comitê de Democracia Nacional e Internacional.
O órgão eleitoral informou que a eventual ativação deste processo exigirá que 20% dos inscritos no recenseamento eleitoral do país manifestem sua vontade, ratificada com as suas assinaturas, conforme estabelecido no artigo 72 da Constituição venezuelana.
Guaidó disse que, apesar de sua desconfiança, a oposição deve recorrer a esse mecanismo para tentar remover Maduro do poder. “Acho que pode ser uma oportunidade se conseguirmos uma coalizão poderosa e através, por exemplo, do México, conseguirmos condições”, afirmou, numa referência às negociações entre oposicionistas e ditadura travadas no país norte-americano.
“Não é uma variável única. O conceito de recall existe na Constituição desde 1999 e não teve sucesso no passado. Agora, se conseguirmos mobilizar, exercer a maioria, conseguir trazer como item da agenda a eleição [presidencial] livre e justa [discutida] no México, o apoio da comunidade internacional e a mobilização do povo da Venezuela, pode ser uma opção para catalisar essa eleição para que a ditadura saia”, acrescentou Guaidó.
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