O presidente dos EUA, Barack Obama, deve conseguir fechar a prisão militar de Guantánamo ainda no seu primeiro mandato, apesar de ter descumprido o prazo originalmente prometido, disse uma fonte de primeiro escalão do Departamento de Estado nesta quarta-feira.
Daniel Fried, representante especial do governo para o fechamento da prisão militar, disse que Washington negocia com vários governos para que recebam presos atualmente alojados na base militar dos EUA, encravada em Cuba.
"Estou confiante de que ela será fechada no primeiro mandato do presidente Obama", disse ele a jornalistas em Bruxelas. "Essa é uma das razões pela qual estamos aqui. Queremos informar nossos colegas europeus sobre o nosso progresso", afirmou ele após encontro com funcionários da União Europeia, aos quais pediu ajuda para transferir presos para o bloco.
Ao tomar posse, há um ano, Obama prometeu que a prisão de Guantánamo seria fechada até janeiro de 2010. O prazo não foi cumprido, e 192 presos permanecem lá. Em um ano, apenas 50 detentos foram retirados.
Fried disse que não há uma nova data para o fechamento da prisão, mas que o governo deseja "fazer o máximo possível, o mais rápido possível" nesse sentido.
Criada em 2002 para receber presos capturados na "guerra ao terrorismo" do governo de George W. Bush, a prisão sempre atraiu críticas da comunidade internacional, especialmente porque seus presos não tinham acesso a garantias jurídicas.
Cerca de dez países da UE já aceitaram receber presos, inclusive a Eslováquia, onde três deles desembarcaram nesta semana.
Um dos grandes desafios para a desativação definitiva da prisão de Guantánamo é o destino dos 91 presos iemenitas. Embora alguns já tenham sido liberados para partir, o governo Obama não quer soltá-los porque há células ativas da Al Qaeda no Iêmen, e autoridades dos EUA temem que os presos adiram ao grupo se forem libertados.
Alguns governos europeus relutam em receber presos, alegando razões de segurança, mas Fried se disse satisfeito com o andamento das transferências de detentos para a Europa.
Muitos presos foram ou serão transferidos para fora dos EUA, e outros serão submetidos a julgamento em território norte-americano. Mas cerca de 50 poderão ficar presos por tempo indeterminado e sem julgamento, segundo um funcionário do Departamento de Justiça que acompanha Fried.
Em dezembro, o governo anunciou ter comprado uma penitenciária de segurança máxima em Illinois para receber os presos que sobrassem em Guantánamo, e que, com isso, a prisão militar poderia ser desativada até meados deste ano.