Garoto caminha próximo a guardas da fronteira, que armados com rifles andavam dentro do complexo, em Bangladesh| Foto: Rafiqur Rahman / Reuters

Guardas de fronteira amotinados de Bangladesh, que atacaram seu centro de operações na capital, Daca, e abriram fogo contra seus superiores, concordaram em render-se nesta quarta-feira (25) depois de o governo ter informado que vai lhes conceder anistia. Os guardas, enfurecidos com seu pagamento, tomaram o centro de operações e um shopping center próximo, matando pelo menos uma pessoa e mantendo dezenas de crianças em uma escola no complexo. O Exército foi chamado para reprimir o motim.

CARREGANDO :)

Nesta quarta-feira, funcionários do Crescente Vermelho de Bangladesh disseram ter retirado 15 pessoas do complexo. "Algumas delas estão gravemente feridas", disse Syed Mokaddes Ahmed, integrante da instituição.

Meios de comunicação informam que até cinco pessoas morreram, embora funcionários do governo não confirmem este número. Ahmed disse que não tinha informações sobre mortos, mas disse também que os médicos não receberam permissão para ir a todas as áreas do complexo. Não está claro quando a rendição deve acontecer.

Publicidade

Depois que o acordo de rendição foi alcançado durante uma reunião entre o primeiro-ministro Sheikh Hasina e representantes do Bangladesh Rifles, o nome oficial dos guardas paramilitares de fronteira, os confrontos se acalmaram e as crianças puderam deixar o local.

"O primeiro-ministro anunciou anistia para os envolvidos nos confrontos. Nós agora esperamos baixar nossas armas e voltar para os quartéis", disse Mohammed Towhid, porta-voz do amotinados, após a reunião. O porta-voz do governo, Jahangir Kabir Nanak, confirmou a oferta de anistia feita pelo governo.

Por mais de quatro horas, na tarde desta quarta-feira, tiros foram disparados do centro de operações e fumaça saía do complexo. Um condutor de riquixá, que foi alvejado dentro do complexo, morreu no hospital-escola de Daca, disseram médicos. Três pessoas que estavam próximas e um guarda de fronteira foram tratados de ferimentos no hospital, disseram médicos, em condição de anonimato.

Guardas, que falaram por telefone de dentro do complexo, disseram que ficaram irritados com o fato de seus superiores não terem acatado suas exigências por condições iguais de pagamento e de trabalho com os soldados do Exército quando Hasina visitou o centro de operações um dia antes.

Não está claro se o governo vai concordar com todas as exigências dos guardas, que incluem maior fornecimento de comida e a chance de participar das missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo pagamento é maior.

Publicidade

Bangladesh é um país pobre, de 150 milhões de habitantes, que tem histórico de golpes militares e assassinatos políticos. Dois dos presidentes do país do sul da Ásia foram assassinados durante tomadas de poder militares e houve 19 fracassadas tentativas de golpe desde que o país conquistou sua independência do Paquistão, em 1971.

Durante o cerco, centenas de parentes dos estudantes reuniram-se nas proximidades do complexo, esperando por notícias. No meio da confusão, não ficou claro se os estudantes eram mantidos reféns.

Imagens de televisão feitas a partir de telhados próximos ao local mostraram alguns guardas de fronteira com rifles, andando dentro do complexo. As informações são da Associated Press.