A eleição para um posto para a América Latina no Conselho de Segurança da ONU continuou em impasse nesta quinta-feira. Apesar da falta de avanço no processo, representantes dos dois países aspirantes à vaga, Guatemala e Venezuela, descartaram retirar suas candidaturas no momento. No entanto, a Guatemala considera a possibilidade de, no futuro, ceder em favor de um nome de consenso, o que a Venezuela rechaça totalmente.
A Assembléia Geral está imersa nesta quinta-feira em sua terceira jornada de votações, sem que nenhum dos dois candidatos a ocupar o posto que a Argentina deixará no dia 31 de dezembro tenha obtido o apoio necessário, cerca de 124 votos.
Ao longo das votações realizadas nesta quinta, a Guatemala, com uma média de 105 votos, continou à frente da Venezuela, que obteve em todas as rodadas cerca de 80 votos.
Na quarta-feira, as votações foram suspensas para se buscar uma saída para o impasse, mas a estratégia não teve resultados.
Em declarações à imprensa, o ministro das Relações Exteriores da Guatemala, Gert Rosenthal, deixou claro que seu país não considera retirar sua candidatura agora, porque se vê perto de conseguir o apoio necessário.
- Acho que está dentro das nossas possibilidades conseguir os 15 votos de que necessitamos - disse o ministro, ressaltando que faltam mais de 40 votos para a Venezuela. - Seguiremos na batalha e quando estivermos convencidos de que não poderemos seguir, trataremos de trabalhar com nosso grupo regional para buscar um (terceiro) candidato de consenso - ponderou.
Embora a eleição de um terceiro país pareça, aos olhos dos membros da Assembléia, a opção mais viável a médio prazo, nesta quinta-feira a Venezuela anunciou que rechaça a opção de se retirar tanto a favor da Guatemala quanto de um terceiro candidato.
- A Venezuela não pode se retirar. Isso seria como dizer que a Venezuela se rende, humilha-se. Não podemos fazê-lo por respeito aos países que nos apóiam - disse o embaixador venezuelano Francisco Arias Cárdenas, que durante todo o processo denunciou as pressões dos Estados Unidos para que seu país não seja eleito.
Ele também não acha viável a eleição de um terceiro país de consenso, o que equivaleria, em sua opinião, a "arrastar um país irmão, Guatemala, na aceitação do veto dos Estados Unidos".
- Não estamos debatendo uma eleição tradicional. É a verdadeira democratização da ONU, é a batalha dos países que querem dizer aos EUA que eles não são os donos do mundo, que não vão impor sua vontade - argumentou.
Ainda nesta quinta-feira, o governo mexicano apoiou a petição formulada na quarta-feira pelo embaixador do país nas Nações Unidas, Enrique Berruga, que pediu para a Venezuela retirar sua candidatura.
- Isso é o mais apropriado agora, principalmente entre dois países irmãos que não tem rivalidade bilateral. Concordamos com nosso embaixador e apoiamos de maneira sólida e consistente a candidatura da Guatemala - apontou o porta-voz presidencial Rubén Aguilar.
Aguilar afirmou que a retirada da candidatura com menos apoio "é uma prática comum", depois de tantas votações, como é o atual caso da Venezuela.
- A prática diplomática indica que o país com perda consistente de votos deve declinar a favor do que os ganha - disse.
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