Buenos Aires A Argentina lembrará hoje os 25 anos da Guerra das Malvinas com atos em todo o país, que renovarão as reivindicações de soberania sobre as ilhas, em meio a questionamentos do governo argentino em relação ao Reino Unido. O ato central ocorre na cidade de Ushuaia (extremo sul argentino), com a participação de veteranos de guerra e autoridades nacionais. O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, não confirmou oficialmente a presença, mas as últimas versões sustentam que ele liderará o ato.
Argentina e Reino Unido mostraram nos últimos tempos suas posturas em torno das ilhas Malvinas, disputada entre eles em 1982, em uma guerra que teve duração de 74 dias e terminou com a rendição da nação sul-americana.
Em declarações publicadas ontem, o ministro de Exteriores argentino, Jorge Taiana, disse que o governo britânico "nega-se reiteradamente" a iniciar um diálogo em torno da soberania das ilhas.
O país europeu "tenta mostrar que está tudo bem" se a Argentina "não mencionar a reivindicação de soberania", disse o titular de Exteriores argentino.
Além disso, negou que o governo britânico tenha oferecido realizar um ato conjunto pelo aniversário da guerra, ao afirmar que a Administração do país "sondou a possibilidade de realizar alguma atividade conjunta".
"O que (os britânicos) querem fazer não é uma comemoração, mas um desfile militarista da vitória, um típico gesto de soberba. E nós não vamos nos vangloriar da guerra", disse.
As posições divergentes voltaram a aparecer depois que a Argentina anunciou, na quinta-feira, que não permitirá a operação das petrolíferas que tenham licença concedida unilateralmente pelo Reino Unido para exportar ou explorar hidrocarbonetos nas Malvinas.
O anúncio foi feito depois da decisão adotada na terça-feira pela Argentina de dar por encerrada uma declaração conjunta com o Reino Unido de 1995, sobre cooperação em atividades de prospecção e exploração de hidrocarbonetos na área das ilhas.
Como conseqüência, o governo britânico lamentou a decisão argentina em comunicado, e considerou que "é um retrocesso" que "não ajudará de nenhuma forma a Argentina em sua reivindicação pela soberania das ilhas".
Embora a Argentina afirme que a reivindicação é feita de forma pacífica e democrática, o comandante das forças britânicas no Atlântico Sul, brigadeiro Nick Davies, disse que tem "reforços suficientes" nas ilhas para evitar que sejam perdidas e depois tenham que ser recuperadas.
Os 25 anos da guerra foram amplamente lembrados na Argentina, a ponto de o Banco Central do país lançar uma edição limitada de moedas para homenagear os mortos na disputa. Além disso, os correios da Argentina apresentarão na próxima semana uma série de selos alusivos à data.
As homenagens, que também ocorrerão em diferentes pontos do país, começaram ontem com uma vigília na cidade de Río Grande, também no extremo sul argentino, com a participação de mais de 400 pessoas, incluindo mais de cem ex-combatentes.