Desde 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, as atenções mundiais estão voltadas para o conflito no leste europeu. Mas a guerra na Ucrânia não é a única em andamento no mundo. Em 2022, pelo menos 28 países apresentam conflitos ativos ou algum combate armado, segundo levantamento do Projeto de Dados de Localização e Eventos de Conflitos Armados (Acled, na sigla em inglês).
Alguns são velhos conhecidos do Ocidente, como a tensões crescentes entre israelenses e palestinos, e a guerra do Afeganistão, que completou 20 anos em 2021, com o Talibã recuperando o controle do país. Embora a mudança de regime tenha reduzido a violência política no território, no semestre passado, a violência contra civis ainda preocupa. Segundo a Acled, os ataques a civis representaram 36% dos episódios de desordem no país, em janeiro de 2022.
Ásia e África, além do Oriente Médio, também registram guerras civis extensas e sangrentas. Entre os piores conflitos em andamento no mundo está o do Iêmen, que já matou mais de 230 mil pessoas e é considerado pela ONU “a maior tragédia humanitária do mundo”. Conheça as principais guerras que ocorrem atualmente:
Síria
Onze anos de guerra colocaram 90% da população síria na pobreza, com a inflação chegando a 140% e um saldo de metade das pessoas deixando suas casas. Quando o conflitou completou 10 anos, em meados de 2021, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) contabilizava quase 500 mil mortos, sendo que 42 mil deles eram civis torturados nas prisões do regime. Embora o embate esteja mais estabilizado, no ano passado 3.882 pessoas morreram vítimas das disputas no país, das quais 1.558 eram civis, sendo 383 crianças.
Atualmente, mais da metade do país é controlada pelo regime Bashar Al-Assad, apoiado pelo presidente russo, Vladimir Putin. A guerra na Síria é fruto da Primavera Árabe, uma onda de protestos contra regimes autoritários, pedindo melhor qualidade de vida nos países árabes. Na Síria, os protestos contra Al-Assad (cuja família controla o país desde a década de 1970) tiveram início nos primeiros meses de 2011 e foram reprimidos com extrema violência pelo regime. Em julho, oposição e governo acirraram o confronto armado, dando início a uma guerra civil, que destruiu o país e não tem previsão de acabar.
Etiópia
Iniciado em novembro de 2020, o conflito é considerado um dos mais brutais do ponto de vista humanitário, com assassinatos de civis, estupros em massa e milhões de famintos. O balanço de mortos não é exato, mas estima-se que já ultrapasse 100 mil. Além disso, até dezembro, 5,2 milhões de pessoas (90% da população do Tigré) precisavam de assistência alimentar, de acordo com o Acled.
Há quase três décadas, a Etiópia, na África Oriental, conta com um sistema federativo de governo, em que diferentes grupos étnicos controlam cada uma das dez regiões do país. Entre elas está o Tigré, comandado pelo partido Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF, na sigla em inglês). Em 2020, o primeiro-ministro do país, Abiy Ahmed (que venceu o Nobel da Paz no ano anterior, justamente por solucionar um conflito de fronteira de mais de duas décadas com a vizinha Eritreia), decidiu desmontar a TPLF. Os políticos de Tigré enxergaram as reformas de Abiy como uma tentativa de centralizar o poder e fizeram eleições locais, que foram consideradas ilegais pelo primeiro-ministro. Sem negociações de paz em andamento, o conflito se arrasta há quase um ano e meio, com abusos das duas partes envolvidas.
Iêmen
Considerado pela ONU “a maior crise humanitária do mundo”, o conflito no Iêmen teve início em 2014 e já resultou em 233 mil mortes – sendo 131 mil por causas indiretas, como fome e falta de assistência à saúde. Mais de 10 mil crianças perderam a vida como consequência direta dos combates. Apenas em fevereiro deste ano, foram registrados 700 ataques aéreos, segundo a BBC.
A guerra civil, que se arrasta há oito anos, opõe forças apoiadas por duas potências do Oriente Médio: Arábia Saudita e Irã. De um lado estão as forças do governo Abd-Rabbu Mansour Hadi, apoiadas por sunitas liderados pela Arábia Saudita, e de outro a milícia xiita rebelde houthit, que recebe apoio do Irã e controla a capital, Sanaa, além de territórios no oeste do país.
No dia 2 de abril, primeiro dia do mês sagrado do Ramadã, uma negociação, que teve a ONU como observadora, resultou em uma trégua temporária, permitindo a reabertura do aeroporto de Sanaa para voos comerciais, assim como do porto de Al Hudeida, outra cidade controlada pelos rebeldes houthis. Esses foram requisitos para que haja andamento nas negociações de paz.
Mianmar
Em meio a tensões políticas e étnicas que perduram por décadas, Mianmar, no sudeste asiático, viu uma escalada na violência dos confrontos a partir de 1º de fevereiro de 2021. Na ocasião, Liga Nacional para a Democracia (NLD) estava prestes a iniciar um novo mandato, quando miliares tomaram o poder. O golpe desencadeou manifestações populares, que resultaram em uma guerra civil com 12 mil mortes, segundo relatórios da Acled. Um quarto da população do país depende de ajuda humanitária e 220 mil pessoas se deslocaram por causa do conflito, somente no ano passado.
Desde agosto, os confrontos são cada vez mais sangrentos no país. Na época do golpe, a maioria das mortes de civis ocorria em decorrência de repressão de manifestações populares por forças de segurança. Mais tarde, os civis pegaram em armas, formando as Força de Defesa do Povo (PDF, na sigla em inglês), que conta com o apoio de comunidades locais. Já os militares têm usado seu poder de fogo aéreo e recebem apoio de países como Rússia e China, de quem adquirem armas, segundo a BBC.
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