Neste domingo (7), completam-se seis meses do início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, desencadeada pelos ataques do grupo terrorista em território israelense nos quais 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 250 foram sequestradas (cerca de 130 seguem reféns do Hamas e grupos aliados no enclave palestino).
Um cessar-fogo segue distante, já que Israel e os terroristas não chegam a um acordo para o fim das hostilidades ou ao menos para uma pausa temporária para outra troca de prisioneiros palestinos por reféns.
A guerra tem no momento sua maior ameaça de escalada devido à outra frente: o Irã. Desde o começo do conflito, o grupo terrorista libanês Hezbollah, apoiado por Teerã, tem atacado o norte de Israel, em “solidariedade” ao Hamas. Em resposta, as forças israelenses têm atingido alvos do Hezbollah no Líbano e na Síria.
Na última segunda-feira (1º), um ataque atribuído a Israel levou o conflito à sua maior temperatura desde seu início: 13 pessoas foram mortas num bombardeio ao consulado iraniano em Damasco, sete membros da Guarda Revolucionária do Irã, entre eles, o brigadeiro-general Mohamed Reza al Zahedi, e seis cidadãos sírios.
Foi o pior golpe contra o corpo militar de elite iraniano após a morte de Qasem Soleimani, um general iraniano que chefiou a Força Quds da Guarda Revolucionária até ser morto pelos Estados Unidos em um bombardeio no Iraque em 2020.
Zahedi vinha sendo apontado por Israel como o responsável por entregar armas do Irã para o Hezbollah e outros grupos pró-Teerã no Líbano e na Síria. Em fevereiro, os israelenses já haviam alertado o Conselho de Segurança da ONU de que esse fluxo estava se intensificando.
Na quarta-feira (3), o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou que Israel será “esbofeteado” pelo ataque ao consulado na Síria. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que “quem nos ferir, nós o feriremos”.
Nesta sexta-feira (5), o comandante-em-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Hossein Salami, afirmou que Israel “será enterrado” na Faixa de Gaza.
Temendo ataques mais intensos do Irã ou dos grupos por ele apoiados, Israel está fechando embaixadas em todo o mundo, aumentou o número de efetivos e reservistas servindo na Força Aérea e está bloqueando o sinal de GPS em várias regiões do país para interromper o trajeto de mísseis e drones.
Em entrevista ao site de notícias iraniano Jamaran, Qasem Mohebali, ex-diretor-geral para o Oriente Médio e Norte da África do Ministério das Relações Exteriores do Irã, disse que Israel “vinha sendo cauteloso e evitando atacar locais oficiais e diplomáticos iranianos”. Dessa forma, o ataque de segunda-feira foi um ponto de virada, destacou.
Mohebali acredita que Teerã dará uma resposta, mas que isso será novamente por procuração (por meio dos grupos terroristas que apoia), já que “a guerra direta com Israel não é de forma alguma de interesse do Irã”.
“Entrar nessa arena não levaria apenas à guerra com Israel; o conflito poderia sofrer uma escalada e envolver outros atores, como os Estados Unidos”, explicou.
Clive Jones, especialista em Israel e Oriente Médio na Universidade de Durham, no Reino Unido, disse à France 24 que o ataque ao consulado do Irã na Síria também foi um meio de Israel mostrar aos Estados Unidos que coloca sua segurança em primeiro lugar mesmo com o aliado pedindo um cessar-fogo em Gaza – além de ser uma resposta mais incisiva às ações do Hezbollah no norte de Israel.
“Existe um forte sentimento entre a maioria dos israelenses de que algo deve ser feito agora contra o Hezbollah, já que a maioria das cidades e aldeias do lado israelense da fronteira segue evacuada e cerca de 100 mil israelenses foram deslocados internamente. Em suma, Israel dobrou a aposta para ver como o Irã vai responder”, afirmou Jones. (Com Agência EFE)
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