O líder guerrilheiro Alfonso Cano, em foto de junho de 2000: número 1 das Farc quer discutir direitos humanos e posse de terra| Foto: Luis Acosta/AFP

O líder máximo das Forças Ar­­madas Revolucionárias da Co­­lôm­­bia (Farc), Alfonso Cano, su­­geriu ao presidente eleito colombiano, Juan Manuel Santos, o res­­tabelecimento do diálogo na busca de saída negociada para o conflito armado no país.

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Em mensagem de pouco mais de meia hora divulgada ontem em site ligado à narcoguerrilha, Cano diz estar, "uma vez mais’’, propondo que Farc e o governo colombiano conversem.

"Nós seguimos empenhados em buscar saídas políticas. De­­sejamos que o governo que assumirá reflita, que não engane mais o país’’, diz o vídeo, datado deste mês.

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O aceno ocorre a uma semana da posse de Santos e em meio a mais uma crise regional tendo co­­mo pivô justamente as Farc. Segundo o presidente Álvaro Uri­­be, até 1.500 membros da guerrilha encontram abrigo na Vene­­zuela do rival Hugo Chávez.

Mensagens similares foram dirigidas a Uribe – e rejeitadas –, mas esta é a primeira ao eleito. Até ontem, Santos, que assumirá no dia 7, não comentara o vídeo.

Antes de ser eleito em junho como o candidato governista e prometendo dar continuidade às políticas da "segurança democrática’’ linha-dura de Uribe, Santos atuou como ministro da Defesa do atual governo e foi responsável pelos mais duros golpes sofridos pela narcoguerrilha.

Em 2008, esteve à frente do ataque colombiano a um acam­­pa­­mento das Farc no Equador que matou o número 2 do grupo, Raúl Reyes.

Meses depois, promoveu o resgate de Ingrid Betancourt, a ex-candidata presidencial em cativeiro desde 2002.

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Na mensagem, Cano propõe que se fale da "indignidade que é ter na Colômbia sete bases militares com tropas americanas’’, em referência a acordo, costurado por Santos, que permite o uso de bases no país pelos EUA.

Cano sugeriu ainda abordar temas de direitos humanos, direito internacional humanitário, a posse de terras e os modelos político e econômico adotado na Colômbia. "Não ocultem ao país o custo tão grande da guerra, os mortos que estão sendo apresentados’’, disse Cano.

"É possível que o país resolva essa situação por meio do diálogo, de propostas políticas, de di­­plomacia.’’

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