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Guerrilheira norte-americana pede perdão por violência no Peru

A guerrilheira norte-americana Lori Berenson pediu perdão publicamente ao Peru nesta segunda-feira pela violência causada no país e afirmou, perante um painel de juízes que avalia sua liberdade condicional, que já não representa um perigo para a sociedade depois de 15 anos de prisão.

Berenson, de 40 anos, falou ao assumir sua defesa em um tribunal peruano que decidirá em um prazo de 15 dias se aceita ou não a solicitação dos advogados do Estados Unidos para revogar sua polêmica liberdade condicional.

A norte-americana deixou a prisão no fim de maio sob liberdade vigiada depois de cumprir quase três quartos de sua condenação de 20 anos a prisão. Ela foi acusada de colaborar com o Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA).

"Se minha participação contribuiu para a violência da sociedade, lamento profundamente e me arrependo disso, se minha vinda ao Peru significou um dano ao país, me arrependo disso e às pessoas que se sentem atingidas por minhas palavras ou por meus atos lhes peço perdão", disse Berenson.

A libertação da norte-americana gerou polêmica e rejeição em vários setores políticos e da população do Peru, que viveu a violência de grupos de esquerda durante as décadas de 1980 e 1990 com atentados e assassinatos quase diários.

"Lamento a repercussão que teve na sociedade a minha saída (da prisão)... Embora me doa, eu aceito e assumo que existe uma rejeição a minha pessoa, mas de acordo com a lei e de acordo com meu comportamento eu não represento um perigo para ninguém", afirmou no tribunal.

O MRTA e o maoísta Sendero Luminoso foram os dois grupos rebeldes que colocaram em xeque o Estado peruano no fim do século passado, quando a violência deixou ao menos 69.000 mortos e desaparecidos, segundo dados oficiais.

Durante sua defesa, Lori Berenson, que parecia tranquila, assumiu perante os juízes que colaborou com o MRTA, mas que nunca foi militante ativa nem participou "em atos de sangue". Seu depoimento foi transmitido pela tevê local.

PRUDÊNCIA

A libertação da guerrilheira norte-americana abriu uma ferida no Peru que parecia estar cicatrizada no país.

Lori Berenson reside atualmente, com seu filho nascido na prisão, em um bairro residencial de Lima, onde deve cumprir os cinco anos restantes de sua condenação em liberdade vigiada.

Os moradores de Miraflores, que não se esquecem do carro-bomba que deixou 25 mortos em um atentado do Sendero Luminoso, não querem a norte-americana como vizinha e realizaram protestos nas ruas.

O governo do presidente Alan García cogitou em um determinado momento o fim antecipado da pena dela para permitir sua expulsão do país e assim livrar-se de uma situação que poderia se tornar um problema político.

Mas García, que ainda tem um ano de mandato, afirma que o prudente é esperar a decisão definitiva do tribunal antes de se pronunciar sobre o caso.

"Vamos esgotar o procedimento e veremos o que diz o supremo. Isso ensina a todos que temos que agir com prudência", disse García a jornalistas sobre o assunto.

Lori Berenson, que estudou antropologia em uma universidade dos Estados Unidos, chegou ao Peru em 1994 como jornalista depois de ter trabalhado com grupos de ajuda durante os conflitos em El Salvador e Nicarágua.

Um ano depois, foi detida quando viajava em um ônibus em Lima com a mulher de Néstor Cerpa, líder do MRTA que protagonizou entre 1996 e 1997 um dos maiores sequestros da América Latina na residência do embaixador japonês em Lima.

Segundo investigações policiais, na casa onde vivia Lori Berenson foram encontrados desenhos do Congresso e anotações nas quais membros do MRTA planejavam a ocupação do Parlamento.

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