O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, disse nesta sexta-feira (17) que o governo do país está “muito atento” e colocou as autoridades competentes em alerta para proteger o território e a soberania nacionais após o destacamento militar da Venezuela na fronteira comum, no contexto da disputa pela região de Essequibo.
“Estamos muito atentos, estamos observando os acontecimentos, estamos trabalhando com nossos aliados nesse sentido, e nossa principal ocupação é manter nossa integridade territorial e nossa soberania”, disse Jagdeo em uma entrevista coletiva.
Depois de confirmar o acúmulo de tropas do país vizinho na ilha Anacoco e na região de Punta Barima, ambas perto da fronteira com a Guiana, o vice-presidente guianense denunciou que a Venezuela quer resolver a questão "à força”.
“Notificamos as agências relevantes sobre as contínuas tentativas da Venezuela de construir uma presença em nossa fronteira em uma postura ameaçadora”, disse Jadgeo.
Para ele, “isso é inconsistente com o que pactuamos, que é o fato de querermos manter essa região como uma zona de paz”.
O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), com sede nos EUA, divulgou imagens de satélite de meados de fevereiro revelando que a Venezuela estava expandindo sua base militar na ilha Anacoco e na área de Punta Barima.
Em uma reunião no final de janeiro, os dois países se comprometeram a continuar o diálogo sobre a disputa pela região de Essequibo e até mesmo a abordar o Acordo de Genebra de 1966.
Os presidentes de ambos os países também se comprometeram a avançar as relações bilaterais para além da disputa de fronteira.
A disputa territorial entre Guiana e Venezuela sobre Essequibo, um território de cerca de 160 mil quilômetros quadrados rico em recursos naturais, chegou ao ápice depois que o governo venezuelano realizou um referendo unilateral em 3 de dezembro do ano passado no qual aprovou a anexação da região, que faz parte do país vizinho.
A Venezuela defende o acordo de 1966 como instrumento legal para resolver a disputa, enquanto a Guiana se baseia na sentença arbitral de Paris de 1899 e está comprometida em resolver o conflito por meio de um processo aberto na Corte Internacional de Justiça (CIJ).
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