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O presidente da Guiana, Irfaan Ali
O presidente da Guiana, Irfaan Ali| Foto: EFE/Alberto Valdes

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse nesta sexta-feira (8) que a Venezuela está “ameaçando a estabilidade da região” ao tentar anexar o território de Essequibo, que pertence à Guiana e está em disputa há mais de um século.

Em entrevista à revista colombiana Semana, Ali afirmou que as ações do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, que no domingo (3) realizou um referendo no qual, segundo dados do regime, mais de 90% dos eleitores apoiaram a anexação do Essequibo, são uma “ameaça direta à Guiana e às empresas que operam aqui [em seu país]”.

“Levamos essa questão oficialmente ao Conselho de Segurança da ONU. Informamos todos os nossos aliados e começamos a ter discussões de defesa com eles para garantir que a Guiana esteja em um estado de prontidão devido a essa tremenda ameaça da Venezuela”, declarou Ali.

O governante também disse que as ameaças estão sendo levadas tão a sério que acredita que "os pronunciamentos de Maduro podem equivaler a uma ocupação, à destruição da paz e à instabilidade na região".

“Acredito que a paz e a estabilidade da região estão em jogo. E acredito que a governança da região está em jogo. O que Maduro está insinuando é uma ação que pode desestabilizar a economia, a paz e a governança da região, e pode colocar todo o hemisfério ocidental em um lugar onde nunca esteve antes”, comentou Ali.

Ali também reiterou que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) é o órgão competente para resolver a disputa entre os países, e que a Guiana respeita o status quo, ou seja, que o Essequibo é parte de seu território e que o país administra a governança nessa área.

“A Corte Internacional de Justiça determinou que o status quo deve permanecer, ou seja, que o Essequibo é parte do território da Guiana e que a Guiana administra a governança nessa área”, enfatizou Ali.

O território de Essequibo, de quase 160 mil quilômetros quadrados, é reivindicado pela Venezuela desde o século 19, mas a Guiana o considera parte de sua soberania desde sua independência do Reino Unido em 1966.

A Venezuela nomeou um governo regional para o Essequibo, que planeja conceder licenças para a exploração de petróleo, gás e minas na área, em desafio à Guiana, que já tem acordos com empresas estrangeiras para essas atividades.

A vice-presidente executiva do regime da Venezuela, Delcy Rodríguez, acusou nesta sexta a Guiana de fazer “concessões petrolíferas ilícitas e ilegítimas” em área marítima “pendente de delimitação” na região de Essequibo e de “instrumentalizar” a CIJ, que serve de árbitro na disputa.

Nesta quinta-feira (7), países sul-americanos pediram a Venezuela e Guiana que evitem “ações unilaterais”, em meio à crescente tensão entre as duas nações, de acordo com uma declaração emitida no final da cúpula semestral do Mercosul, realizada no Rio de Janeiro. (Com Agência EFE)

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