Guillermo Lasso, 65 anos, assumiu a presidência do Equador em uma cerimônia de posse na Assembleia Nacional do país nesta segunda-feira (24), marcando uma nova era na política equatoriana, depois de uma década e meia dominada pelo "correísmo".
"Devemos examinar se ao longo desses anos temos vivido de acordo com os ideais republicanos que nos viram nascer", disse o novo presidente em seu discurso inaugural. "Nos últimos anos, desfrutamos de liberdade no Equador? A lei e a independência de poderes prevaleceram? Não estivemos à altura, hoje recebemos um país com níveis históricos de desemprego, um país que se espantou por sua incapacidade de enfrentar uma pandemia brutal", continuou.
"Este novo século de republicanismo que estamos iniciando acaba com a era dos caudilhos. A era do caudilhismo terminou", salientou.
A pandemia e a crise econômica do Equador serão os desafios mais urgentes de Lasso, o empresário de direita que venceu, em abril, o segundo turno das eleições contra Andrés Arauz, afilhado político do ex-presidente esquerdista Rafael Correa.
Cerca de 12% da população está vivendo em situação de extrema pobreza, sendo que o Equador foi um dos países latino-americanos onde esta condição mais piorou durante a pandemia, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
"A imperdoável inação de hoje está nos custando o amanhã", disse Lasso sobre o problema da fome e desnutrição infantil no país, posteriormente clamando por uma reativação da economia equatoriana e prometendo uma maior abertura econômica.
Os casos de Covid-19 estão diminuindo no país, mas a vacinação anda a passos lentos. Até esta segunda-feira, 8% da população recebeu ao menos uma dose de proteção, enquanto que apenas 2,8% foram imunizados com a dose complementar. Diante deste cenário, Lasso prometeu vacinar nove milhões de equatorianos nos primeiros cem dias de governo – uma meta ambiciosa, já que, até agora, apenas 1,4 milhão de pessoas foram vacinadas. Para alcançar o objetivo, o novo presidente pediu apoio da comunidade internacional com o fornecimento de doses.
Durante o discurso, Lasso também salientou que seu governo buscará "um país mais justo com as mulheres, mais responsável com a natureza e mais equitativo com os mais necessitados". Ele também fez um apelo à união, dizendo que, durante seu governo, não haverá perseguição política.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, estava presente na cerimônia. Outras lideranças da região enviaram representantes, como o caso dos presidentes da Argentina, do Chile, do Uruguai e da Colômbia.