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O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou nesta terça-feira (24), em uma sessão especial do Conselho de Segurança dedicada ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, condenando as "claras violações do direito internacional humanitário" em Gaza.
Em sua fala, ele exigiu um cessar-fogo "imediato" entre os lados e afirmou que "até as guerras têm regras", sendo a questão mais importante no momento o respeito aos civis. "Nada pode justificar o assassinato deliberado, a seleção de alvos, o sequestro de civis ou o disparo de mísseis contra alvos civis".
A sessão especial desta terça-feira (24) é uma das mais participativas dos últimos anos: 86 países ou grupos de países (como a Liga Árabe) pediram para discursar, dos quais mais de 20 são representados por ministros das Relações Exteriores, incluindo Estados Unidos, França, Alemanha, Arábia Saudita e Turquia.
Diante dos representantes, Guterres condenou os dois lados, tanto o Hamas quanto Israel, sugerindo que os ataques dos terroristas "não vêm do nada".
Segundo ele, "o povo palestino sofre uma ocupação 'sufocante' há 56 anos e suas terras são gradualmente devoradas por assentamentos".
No entanto, o secretário-geral da ONU acrescentou que "as queixas dos palestinos não podem justificar os horríveis ataques do Hamas, tal como esses ataques não podem justificar a punição coletiva do povo palestino".
"Devemos apelar às partes para que respeitem as suas obrigações sob o direito humanitário internacional: garantir que as suas operações militares não afetem os civis, proteger os hospitais e respeitar a inviolabilidade dos estabelecimentos da ONU, onde estão alojados 600 mil palestinos", disse.
O apelo a um cessar-fogo foi objeto de uma recusa por parte de Israel, apoiado na sua posição pelos Estados Unidos, que argumentam que esse cessar-fogo serviria para o Hamas se reorganizar.
A sessão realizada hoje servirá para colocar em evidência, mais uma vez, a grande divisão existente na comunidade internacional em relação ao conflito: grande parte do mundo ocidental apoia a ofensiva de Israel, enquanto o mundo muçulmano, juntamente à Rússia e China, defendem um cessar-fogo e pedem que "as queixas dos palestinos" sejam levadas em consideração.
Na semana passada, o Brasil viu sua proposta de resolução sobre o conflito ser rejeitada com um veto dos EUA no Conselho de Segurança. Ao todo, 12 dos 15 membros apoiaram o projeto, com duas abstenções e o veto americano. (Com agência EFE)