Robert Mugabe tem 89 anos, comanda o Zimbábue há 33 e fez um discurso de quase duas horas esta semana durante sua campanha de reeleição. O pleito é nesta quarta-feira. Teme-se que uma nova onda de violência ocorra no país caso seu rival, o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, 61 anos, saia vitorioso das eleições, mas não obtenha apoio das forças militares e policiais - que se declararam leais ao presidente.
Algo parecido ocorreu em 2008, quando Tsvangirai afirmou ter vencido o primeiro turno e se recusou a concorrer no segundo, afirmando que a eleição não seria justa. Para evitar uma temida guerra civil, seu partido e o de Mugabe acordaram recriar o cargo de primeiro-ministro numa demonstração de que haveria divisão de poder.
Mugabe afirmou que respeitará o resultado das urnas. O International Crisis Group disse que o país não tem condições de realizar uma eleição justa e livre. Entre os observadores das eleições estão Venezuela, Cuba, Sudão e Bielorrússia, pois os tradicionais observadores ocidentais foram banidos pelo governo.
Apesar de reclamações de ameaças e prisões de ativistas durante vários meses, o grupo Advogados do Zimbábue por Direitos Humanos afirmou acreditar "que um alto comparecimento e um eleitorado determinado ainda podem mostrar, com números, a tenacidade e a resolução de que seus votos serão ouvidos e respeitados".
Entre o velho e o "novo"
O fim do imperialismo britânico esteve presente no último discurso de Mugabe, que fez uma defesa de seu governo e afirmou que o opositor era uma invenção europeia. Durante seu governo, a inflação do país foi uma das mais marcantes da História, com emissões de notas de 100 trilhões de dólares do Zimbábue.
Tsvangirai, por sua vez, aposta num "novo país" e em sua "juventude". Ele declarou que o país tem a chance histórica de escolher entre um "velho" e um "jovem".