Em nova crítica ao governo da vizinha Venezuela, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nesta quarta-feira (2) que atua como bombeiro na crise do fechamento da fronteira entre os dois países.
A declaração foi feita pela manhã, durante visita a Ibagué (a 202 km de Bogotá). Horas depois, ele viajou a Cúcuta, cidade mais afetada pelo bloqueio feito por seu colega venezuelano, Nicolás Maduro.
“Muitas vezes o papel de presidente é o de bombeiro e, como presidente, preciso apagar muitos incêndios. Estou tentando apagar um incêndio lá pela fronteira, porque há piromaníacos do outro lado e o que eu quero é apagar esse incêndio.”
Santos comparou a crise política com o país vizinho com os incêndios florestais que atingem as reservas do departamento de Tolima, onde fica Ibagué, provocados pelo fenômeno El Niño.
Durante a tarde, o mandatário chefiou uma reunião do conselho de ministros em Cúcuta sobre a crise na fronteira. Nela, anunciou que a Colômbia denunciará Maduro ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.
“Trata-se especificamente de deportação ou retirada forçada dos colombianos. A Procuradoria-Geral considera que há bases para provar que houve um ataque generalizado e sistemático contra os civis colombianos.”
Em resposta ao anúncio, o defensor do povo venezuelano, Tarek William Saab, chamou a denúncia colombiana de “ato de propaganda de guerra suja”. Para ele, a tentativa de recorrer ao tribunal internacional não tem fundamento.
“Santos está usando um belicismo verbal que faz lembrar sua época como ministro da Defesa de Álvaro Uribe, o braço direito de Uribe para ameaçar nações, e não o Santos que quis ter uma atitude cordial com os presidentes venezuelanos.”
Segundo Bogotá, mais de dez mil colombianos deixaram a Venezuela desde o primeiro fechamento da fronteira, em 20 de agosto. Destes, 1.100 foram oficialmente deportados pelas autoridades de Caracas.
Embaixadores
Antes da reunião, Santos visitou um dos abrigos que dão assistência aos recém-chegados com os ministros e embaixadores de 18 países. Dentre eles, estava a representante do Brasil em Bogotá, Maria Eliza Bittencourt Balaguer.
Em nota, o Itamaraty informou que a visita de Balaguer não significa apoio do Brasil à Colômbia. Para o Ministério das Relações Exteriores, é natural que ela aceite o convite de Santos, assim como fizeram outros diplomatas.
A reunião de ministros acontece após Colômbia e Venezuela não conseguirem levar a discussão para a OEA (Organização dos Estados Americanos) ou a Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
Santos confirmou que não vai à reunião de chanceleres da Unasul. Antes programado para quinta (3), o encontro foi adiado para a semana que vem porque a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, está com Maduro em uma viagem à Ásia.
Enquanto isso, a ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Maria Ángela Holguín, se reunirá com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e fará denúncias à Comissão Interamericana e ao Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.
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