A Rússia quase certamente hackeou e roubou informações do Comitê Nacional do Partido Democrata, assim como e-mails da conta de John Podesta, presidente da campanha da candidata democrata à presidência, Hillary Clinton.
Essa é a conclusão unânime de um relatório de três preeminentes agências de segurança dos Estados Unidos: a Agência Central de Inteligência (CIA), o Escritório Federal de Investigações (FBI) e a Agência Nacional de Segurança (NSA). As três disseram que tinham “alta confiança” em suas conclusões.
Essas agências não podem “mostrar o dever de casa” ao público. A versão não confidencial do relatório, disponibilizada em 6 de janeiro, não divulga detalhes sobre como as agências chegaram às suas conclusões.
Especialistas em segurança dizem que é provável que isso tenha envolvido mais do que rastrear as migalhas de pão digitais até as fontes originais; técnicas como a antiquada interceptação telefônica e outros meios convencionais de se captar inteligência possivelmente foram usados.
O relatório acertou ao não tentar avaliar o nível de influência que o hackeamento russo pode ter tido na eleição presidencial nos Estados Unidos. Seria uma tarefa difícil discriminar os efeitos desses vazamentos de uma miríade de outros fatores que contribuíram para o resultado.
Mas isso não torna a tentativa russa nem um pouco menos perturbadora. Estão crescendo as preocupações de que as eleições este ano na França e na Alemanha possam vir a sofrer ataques semelhantes.
Além da expertise em hackeamento, os russos também mostraram um alto nível de sofisticação lidando com a mídia, o que inclui a entrega de informações para o WikiLeaks, a controversa organização que anteriormente divulgou documentos roubados criando outras manchetes internacionais.
Terem deixado várias camadas de intermediários entre a Rússia e canais como o WikiLeaks dificultou o rastreio de quaisquer “pegadas” digitais.
Com um exército e uma economia muito mais fraca do que a dos Estados Unidos, a Rússia aparentemente se voltou para um meio não convencional de exercer influência – hackear. Pode ter sido em resposta a o que viu como um envolvimento dos Estados Unidos no vazamento dos Panama Papers, que revelaram investimentos em offshores de pessoas ligadas ao presidente russo, Vladimir Putin, assim como a revelações de doping generalizado de atletas russos nas Olimpíadas e em outras competições internacionais.
O relatório americano sobre o hackeamento disse que o objetivo da Rússia era nada menos do que “minar a confiança pública no processo democrático dos Estados Unidos (...).” Tivesse Hillary Clinton vencido, a Rússia teria redirecionado seus esforços para erodir a confiança entre os americanos de que o que tinha acontecido fora uma eleição limpa.
Os senadores republicanos Lindsey Graham, da Carolina do Sul, e John McCain, do Arizona pareciam determinados a examinar mais de perto a situação.
“Precisamos lidar com isso e ir até o fundo e de maneira geral desenvolver uma estratégia para essa nova forma de guerra que pode basicamente prejudicar nossa economia, prejudicar nossas eleições, prejudicar nossa segurança nacional”, o senador McCain disse em uma entrevista à televisão.
A estratégia poderia ir além de simples retaliação. Um presidente Donald Trump poderia empregar suas famosas habilidades de negociação. Os Estados Unidos possuem suas próprias capacidades significativas de conduzir guerra cibernética. Em vez de escalar o uso de truques sujos digitais um contra o outro, Rússia e Estados Unidos poderiam tentar firmar uma “détente cibernética” e negociar um fim silencioso a retaliações olho-por-olho.
“A Rússia tem sido o ator dominante na espionagem patrocinada por Estados pelas últimas duas décadas”, Tom Kellermann, chefe da emprega de segurança cibernética Strategic Cyber Ventures, disse recentemente ao Christian Science Monitor. O hackeamento durante a eleição americana simplesmente trouxe uma prática de longa data aos holofotes internacionais. Agora pode ser a hora para negociação silenciosa em vez de barulhenta exibição.
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