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Comprometimento de dados

Hackers norte-coreanos invadiram sistema de fabricante russa de mísseis, aponta investigação

Imagem do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, sendo exibida em uma vitrine no Japão (Foto: EFE/EPA/FRANCK ROBICHON)

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Uma investigação conduzida por especialistas em segurança e pela agência de notícias Reuters apontou que um grupo de hackers da Coreia do Norte conseguiu invadir secretamente as redes de computadores da NPO Mashinostroyeniya, uma importante desenvolvedora russa de mísseis.

Segundo a investigação, os hackers podem ter tido acesso frequente aos sistemas da empresa por cerca de cinco meses.

Embora não tenha sido possível determinar se algum dado foi obtido durante o período em que ocorreu a invasão, as implicações dela podem ser preocupantes.

A NPO Mashinostroyeniya é reconhecida por suas inovações em mísseis hipersônicos, tecnologias de satélite e armamentos balísticos de nova geração, áreas de grande interesse para a Coreia do Norte, já que o regime de Kim Jong-un está em constante busca por desenvolver um Míssil Balístico Intercontinental (ICBM) capaz de atingir os Estados Unidos.

A NPO Mashinostroyeniya é sediada em Reutov, uma pequena cidade nos arredores da capital da Rússia, Moscou. A investigação apontou que equipes de ciberespionagem vinculadas ao regime norte-coreano, conhecidas como ScarCruft e Lazarus, conseguiram acessar os dados da empresa inserindo discretamente portas de acesso digitais aos sistemas dela.

A invasão ocorreu entre o final de 2021 e maio de 2022, quando foi detectada pelos engenheiros de tecnologia da informação da NPO Mashinostroyeniya após um exame interno. A brecha pode ter permitido aos hackers ler e-mails, transitar entre diferentes redes e extrair dados confidenciais.

Especialistas alertam que esse incidente evidencia a disposição da Coreia do Norte de atingir até mesmo aliados estratégicos, como a Rússia, para obter tecnologias críticas. Também prova como as operações cibernéticas clandestinas podem ter ramificações significativas no cenário geopolítico e de segurança global.

Tom Hegel, pesquisador da empresa de cibersegurança americana SentinelOne, que inicialmente identificou a invasão, enfatizou como essa descoberta lança luz sobre operações cibernéticas normalmente ocultas.

“Essas descobertas fornecem uma visão rara das operações cibernéticas clandestinas que tradicionalmente permanecem ocultas do escrutínio público ou simplesmente nunca são identificadas pelas vítimas”, disse à Reuters.

A relevância da NPO Mashinostroyeniya como desenvolvedora de mísseis russos de alto calibre a torna um alvo valioso para potenciais adversários. Além das inovações em mísseis hipersônicos, a empresa também é pioneira na tecnologia de satélites e armamentos balísticos avançados.

Embora os especialistas concordem que obter informações sobre os mísseis russos, como o hipersônico Zircon, é um passo significativo, a complexidade da fabricação e tecnologia envolvida no processo impede que a aquisição de dados imediatamente conceda à Coreia do Norte a capacidade de produzir tais mísseis.

Markus Schiller, especialista em mísseis baseado na Europa, enfatizou que "há muito mais do que apenas alguns desenhos" no desenvolvimento dessas tecnologias avançadas.

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