O governo britânico quer examinar se é possível renegociar as relações com a União Europeia (UE) antes convocar um referendo sobre a questão, afirmou o secretário do Foreign Office, William Hague.
O chefe da diplomacia fez o comentário depois que o primeiro-ministro, David Cameron, afirmou à imprensa que não era contrário à ideia do referendo.
"O que queremos é uma relação melhor com a Europa, com o retorno de alguns poderes a nível nacional", disse à BBC.
"Há muitas interferências, muita burocracia, muitas decisões tomadas a nível europeu. Isto é o que queremos mudar", completou Hague.
"O momento de decidir um referendo sobre nossa relação com a Europa chegará quando soubermos como vai evoluir a Europa nos próximos meses ou anos pela crise na Eurozona, e quando soubermos se podemos melhorar esta relação", explicou o ministro.
Hague disse que existem razões "muito poderosas" para organizar um referendo se os Estados membros da UE concordarem em estabelecer uma união mais estreita para enfrentar a crise na Eurozona.
"Se (a UE) mudar desta forma, e uma vez que saibamos se podemos melhorar nossa relação com a Europa, então será o momento de defender um referendo", disse Hague.
"Este será o momento, não agora", afirmou.
O primeiro-ministro conservador David Cameron tentou contentar neste domingo (01) a ala eurocética de seu partido ao afirmar que está disposto a defender um referendo sobre as relações de Londres com o restante da UE, mas explicando que o momento ainda não chegou.
"Para mim, os termos 'Europa' e 'referendo' podem ir juntos", escreveu em um artigo publicado no Sunday Telegraph.
Cameron destaca que prefere "uma posição diferente, mais flexível e menos onerosa para a Grã-Bretanha dentro da UE".
O premier deixou claro, no entanto, que não defende um referendo sobre a presença do Reino Unido na UE, porque "sair não é o que mais interessaria" ao país.
De acordo com uma pesquisa recente, 81% dos britânicos consideram que um referendo deve ser organizado nos próximos anos para redefinir os vínculos entre o país e a UE.
A Grã-Bretanha não integra a Eurozona, que tem 17 membros, nem o espaço Schengen.