O terremoto de janeiro abalou a capacidade arrecadatória do governo haitiano, mas ela já está sendo rapidamente recuperada, disse na quinta-feira o vice-ministro de Finanças do país mais pobre das Américas.
Até o final de março, o governo espera que a arrecadação pública tenha voltado a cerca de 60 por cento dos níveis pré-terremoto, chegando a 80 por cento até o final de junho. Em janeiro, mês em que o terremoto matou mais de 200 mil pessoas, a arrecadação foi de apenas 10 por cento do esperado em condições normais.
Mas equilibrar o orçamento é outra questão, já que o governo precisa reconstruir grande parte da sua infraestrutura, disse o vice-ministro Sylvain Lafalaise à Reuters.
Um comitê oficial que avalia as necessidades e o déficit a ser gerado irá apresentar até o final do mês um relatório preliminar, disse Lafalaise, acrescentando que as discussões sobre o tema são "delicadas".
"Temos de descobrir com o FMI qual nosso nível de déficit será, e então tomaremos uma decisão (sobre o novo orçamento)", disse Lafalaise, funcionário público de carreira.
A comunidade internacional, já responsável pela maior parte dos investimentos no país, deve se reunir neste mês em Nova York para decidir verbas para a reconstrução haitiana.
O orçamento do governo para o ano fiscal de 2009-10, que começou em outubro, foi de 1,97 bilhão de dólares, sendo mais da metade em doações internacionais. Quase um terço do total vem de cobranças alfandegárias, uma arrecadação que continuou quase intacta desde o terremoto, segundo o vice-ministro.
Mas a principal razão para a rápida recuperação da arrecadação tem a ver com "a natureza particular da situação haitiana", acrescentou ele.
Quase 70 por cento da arrecadação doméstica vem de apenas 500 empresas. Entre elas, quatro empresas de telecomunicações, inclusive Digicel e Voilà, respondem por cerca de 25 por cento, enquanto os bancos representam 20 por cento, disse Jacques Nelson, chefe de gabinete do ministério.
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