O governo do Haiti e seus parceiros humanitários internacionais planejam iniciar a "descompressão" de Porto Príncipe, limpando o entulho do terremoto de janeiro para permitir que famílias desabrigadas voltem para suas casas ou sejam provisoriamente reinstaladas, disseram autoridades locais e da ONU na terça-feira.
O plano exigiria a contração de empresas privadas para remover parte dos escombros, para a demolição e para a reconstrução. Sua execução deve começar nesta semana, mais de 40 dias depois do terremoto de magnitude 7 que matou até 300 mil pessoas e deixou mais de 1 milhão de desabrigados, segundo estimativa do governo.
Por toda a capital ainda há acampamentos improvisados, em meio às ruínas de milhares de edifícios achatados e a ruas com muitos detritos e movimento.
O "Plano de Gestão dos Destroços" foi preparado por especialistas da ONU, do Haiti, dos EUA e de outros países, e marca o início de uma nova etapa da operação internacional de auxílio, depois de uma fase com ênfase na distribuição de comida, água e abrigo.
"A cidade está tão lotada que não há espaços abertos para colocar as pessoas", disse Charles Clermont, membro da comissão governamental que coordena o plano de recuperação da capital.
"Antes da temporada chuvosa, temos de retirar os destroços, limpar os canais de drenagem, demolir o que tem de ser demolido (...) Isso nos dará espaço", disse Clermont à Reuters.
A temporada de chuvas no Haiti costuma começar em abril, causando fortes inundações. Por enquanto, a cidade continua convivendo com eventuais tremores de terra. Na madrugada de terça-feira, dois desses abalos, um deles de magnitude 4,7, causou nervosismo entre moradores e visitantes.
Funcionários da ONU disseram que um dos objetivos do plano é "colocar as pessoas novamente em casas e empresas seguras o mais rápido possível". Trata-se de um enorme desafio em uma cidade onde mais de 250 mil edificações foram afetadas, criando 63 milhões de toneladas de entulho, segundo estimativa da ONU.
Num estágio-piloto da "descompressão", ainda na terça-feira, as autoridades devem começar a registrar os ocupantes de um dos acampamentos mais emblemáticos de Porto Príncipe - o da praça Campo de Marte, perto do arruinado palácio presidencial, onde há entre 16 e 20 mil pessoas.
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