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Crise

Haitianos rejeitam força estrangeira

Haitiano exibe cartaz em que condena a presença do Brasil e do Chile no país | Thony Belizaire/AFP
Haitiano exibe cartaz em que condena a presença do Brasil e do Chile no país (Foto: Thony Belizaire/AFP)

Policiais haitianos usaram gás lacrimogêneo em um confronto ontem com manifestantes que exigiam a retirada das tropas da ONU do país. A tensão no país cresceu depois que soldados uruguaios foram acusados de terem violentado sexualmente um civil.

Os confrontos de ontem ocorreram quando cerca de 300 pessoas tentavam chegar a uma praça em frente às ruínas do palácio presidencial de Porto Príncipe, onde ainda há sobreviventes do terremoto de 2010 acampados sob barracas e lonas.

A Minustah (missão da ONU no Haiti que é comandada por tropas brasileiras) é alvo de protestos desde que veio à tona, no começo do mês, um vídeo gravado por celular em que fuzileiros navais uruguaios são vistos rindo ao afundarem o rosto de um rapaz num colchão e aparentemente cometem abusos sexuais.

Quatro militares uruguaios foram detidos pelo incidente, ocorrido em 28 de julho, e serão submetidos a uma corte marcial. A suposta vítima, Johnny Jean, disse em depoimento a um juiz haitiano que foi violentado.

Aos gritos de "fora Minustah" e "estupradores", os manifestantes fizeram uma passeata pelas ruas da devastada capital. Alguns levavam cartazes chamando a força de paz da ONU de "força de ocupação".

A Minustah abriu inquérito sobre o incidente de julho, prometendo determinar se a violência sexual realmente aconteceu. O Uruguai já pediu desculpas formais ao Haiti e qualificou de "aberração" a conduta dos acusados.

A missão da ONU já havia ficado malvista no Haiti por causa da suspeita de que soldados nepaleses introduziram uma epidemia de cólera no país, o que motivou distúrbios contra as forças estrangeiras no ano passado.

A Minustah foi criada em 2004, sob o comando do Brasil, para ajudar a estabilizar o país, assolado por repetidas crises políticas. Seu contingente teve um papel importante nas tarefas humanitárias depois do terremoto do ano passado, que matou até 300 mil pessoas.

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