O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, saudou o acordo entre 14 facções palestinas para criar um “governo provisório de reconciliação nacional” para governar Gaza e outros territórios| Foto: EFE/EPA/PEDRO PARDO / POOL
Ouça este conteúdo

Em uma "cúpula de reconciliação" na China, 14 facções palestinas, incluindo os grupos beligerantes Hamas e Fatah, assinaram um acordo que contempla a formação de "um governo de unidade nacional temporário" com autoridade sobre todos os territórios palestinos (Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental), de acordo com uma declaração do Hamas emitida nesta segunda-feira (22).

CARREGANDO :)

Esse governo seria formado sob o consenso das 14 facções palestinas signatárias e a decisão do presidente, e regido pela Lei Básica Palestina, de acordo com o texto. Isso foi acordado pelos grupos, que também incluem a Jihad Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, para "unificar os esforços nacionais" para acabar com a guerra em Gaza e o que consideram como a "agressão israelense", se referindo à contraofensiva após o massacre de 7 de outubro.

"As facções palestinas saúdam a opinião da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que confirmou a ilegalidade da presença, ocupação e assentamento israelenses" na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, disse a declaração do Hamas em seu discurso de abertura.

Publicidade

Na sexta-feira passada, a CIJ descreveu a ocupação israelense nesses territórios ocupados por palestinos como "ilegal".

Os signatários se comprometeram a manter a implementação desses acordos "para acabar com a divisão" entre eles, pactos que foram alcançados graças ao papel desempenhado por Egito, Argélia, China e Rússia.

Entre os objetivos comuns estabelecidos está a criação de um Estado palestino independente com sua capital em Jerusalém (um objetivo que os grupos já tinham individualmente) de acordo com as resoluções internacionais, especialmente 181 e 2334.

As facções afirmaram "o direito do povo palestino de resistir à ocupação" de acordo com o direito internacional, a ONU e o direito à autodeterminação, bem como de "resistir e frustrar" as tentativas israelenses de deslocar a população palestina.

O último ponto ao qual o Hamas aludiu é o compromisso comum dos grupos de tentar acabar com o "cerco bárbaro" de Gaza e da Cisjordânia, bem como de garantir a entrada de ajuda humanitária e médica "sem restrições ou condições".

Publicidade

Esses acordos constituem uma nova tentativa de reconciliação entre as facções, especialmente entre o islâmico Hamas e o secular Fatah, que estão em conflito desde 2007.

O Hamas expulsou à força o Fatah da Faixa de Gaza após o fracasso de um governo de unidade nacional que surgiu depois que os islâmicos venceram as eleições legislativas do ano anterior.

Desde a divisão, houve várias tentativas malsucedidas de diálogo nos últimos anos entre o Fatah, que controla a Autoridade Nacional Palestina, o Hamas e outros grupos, como a radical Jihad Islâmica, que tem atuado ao lado do Hamas para esconder reféns capturados no dia 7 de outubro.

Por meio da Autoridade Nacional Palestina (ANP), os secularistas governam na Cisjordânia, no entanto seu presidente, Mahmoud Abbas, está cada vez mais impopular no território, enfrentando acusações de nepotismo, autoritarismo e corrupção.