Hamas busca alianças entre grupos seculares

Jerusalém (AE/AP) – Um político do Hamas que será incumbido de formar o novo governo palestino já trabalha na construção de uma coalizão com grupos seculares, reforçando sua reputação de um pragmático que prefere o acordo a entrar em choque frontal com seus oponentes. Ismail Haniyeh, de 43 anos, um ex-reitor e militante estudantil do Hamas, foi nomeado para o posto de primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP) por seus companheiros de partido. O grupo islâmico Hamas venceu por ampla margem as eleições gerais do mês passado.

Ontem, Haniyeh reuniu-se com o presidente da AP, Mahmoud Abbas, em Gaza. De acordo com um porta-voz, Abbas deverá entregar hoje a Haniyeh um pedido formal para que forme um novo governo.

Haniyeh terá então cinco semanas para compor seu gabinete. Líderes do Hamas reuniram-se ontem com a Frente Popular de Libertação da Palestina, um grupo esquerdista e secular. No decorrer da semana, Haniyeh deverá negociar pessoalmente com líder da Fatah, a facção política derrotada pelo Hamas nas eleições de janeiro, à qual pertence Abbas.

Os pais de Haniyeh fugiram da aldeia palestina de Jourra, situada onde hoje fica o sul de Israel, durante a guerra que acompanhou a fundação do Estado judeu, em 1948. Haniyeh nasceu em janeiro de 1963 no campo de refugiados de Shati, na periferia da Cidade de Gaza.

Ele estudou nas escolas para refugiados estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Gaza e formou-se na Universidade Islâmica do território em 1987, graduando-se em Letras, com especialização em língua árabe.

Negociador habilidoso, Haniyeh foi um ativo líder estudantil e tornou-se próximo do xeque Ahmed Yassin, fundador do Hamas. Em 1992, ele foi expulso por Israel para o sul do Líbano com outros 400 ativistas do Hamas. O líder político retornou a Gaza um ano mais tarde. Haniyeh é casado, tem 11 filhos e mora numa casa modesta em uma viela do mesmo campo de refugiados onde nasceu.