O líder político do movimento palestino islamita Hamas no exílio, Khaled Meshaal, exigiu nesta quarta-feira em Doha a suspensão completa do bloqueio à Faixa de Gaza antes de aceitar qualquer acordo de cessar-fogo com Israel.
Em entrevista coletiva na capital do Catar, Meshaal pôs essa condição prévia para aceitar a cessação das hostilidades e pediu a atuação das organizações humanitárias para ajudar as vítimas e os deslocados na Faixa.
"O bloqueio matou mais pessoas de nosso povo que a guerra", disse o líder do Hamas, acrescentando que o grupo fez seis reivindicações - sobre as que não deu mais detalhes - para aceitar o cessar-fogo.
"Não queremos a guerra, nem que continue, mas não nos rendemos perante a guerra porque estamos defendendo nosso povo", completou.
O dirigente palestino destacou que seu grupo rejeita o desarmamento das milícias, a menos que Israel faça o mesmo e deixe de ocupar Palestina.
Sobre a mediação no conflito, Meshaal deu as boas-vindas "a qualquer tipo de iniciativa se responde a suas reivindicações" e disse que não se opõem aos esforços de nenhum país nesse sentido.
"Para que não haja competição sobre o papel de mediação, (o secretário de Estado americano John) Kerry convocou Catar e Turquia, e lhes pediu que nos convençam", afirmou Meshaal, ressaltando que o Hamas começou a "escutar as outras iniciativas quando começou as consultas com esses dois países".
O Egito apresentou até o momento uma proposta de cessar-fogo que o Hamas rejeitou na semana passada porque queria que fossem incluídos outros requisitos como o fim do bloqueio e a libertação de presos palestinos.
Turquia e Catar, aliados do movimento palestino, desdobraram também seus esforços para tentar mediar o conflito, em meio às tensões desses países com o Egito pelo apoio que deram à Irmandade Muçulmana.
Além disso, Meshaal insistiu que as vítimas do conflito são os "palestinos" e não Israel, que "fez esta guerra sem nenhuma justificativa".
Na opinião do dirigente, Israel lançou a ofensiva sobre Gaza para "absorver a ira dos israelenses" pelo assassinato dos três colonos, satisfazer os mais "extremistas" no governo, "dispersar" a unidade dos palestinos e fazer com que a comunidade internacional "esqueça o processo de paz e as negociações".
Quase 700 palestinos, em sua maioria civis, morreram desde que o exército israelense iniciou uma ofensiva em Gaza no dia 8 de julho, enquanto pelo menos 32 soldados israelenses morreram em combates na Faixa.
Deixe sua opinião