O Hamas disse nesta sexta-feira que não vai entrar em um governo de união palestino que reconheça Israel, rejeitando as declarações do presidente Mahmoud Abbas na Organização das Nações Unidas, onde afirmou que a futura coalizão envolveria o reconhecimento do Estado judaico e o compromisso de renunciar à violência.
Em declarações na quinta-feira à Assembléia Geral da ONU em Nova York, com 192 países membros, o moderado Abbas disse que "qualquer futuro governo palestino" vai honrar todos os acordos que a Organização para a Libertação da Palestina fez com Israel".
Mas Ahmed Youssef, assessor político do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, disse à Reuters que um acordo entre o grupo islâmico e Abbas para formar uma coalizão de união não inclui o reconhecimento de Israel.
- Descarto isso. O pensamento político do Hamas impede a idéia de que o Hamas possa fazer parte de um governo que coloque o reconhecimento de Israel em sua agenda política - disse Youssef.
Um acordo sobre um governo de união foi fechado em 11 de setembro e os palestinos esperavam que levasse à suspensão das sanções ocidentais impostas ao Hamas, quando o grupo assumiu o poder, em março.
As negociações sobre a formação do governo de união não vinham obtendo sucesso e Abbas, do partido Fatah, derrotado pelo Hamas na eleição de janeiro, acusou o grupo islâmico de romper o acordo.
Abbas disse que se um governo de união levar à retomada nas negociações de paz com Israel, os debates serão realizados sob jurisdição da OLP, que ele lidera.
- Qualquer futuro governo vai se comprometer em impor ordem e segurança para acabar com o fenômeno das múltiplas milícias, indisciplina e caos, e impor a lei.
O Hamas disse que só vai respeitar os acordos com Israel que sejam "de interesse do povo palestino".
Uma das principais funções da OLP vem sendo negociar com Israel. O grupo também representa os interesses palestinos nos territórios ocupados e nos campos de refugiados no mundo árabe.
O gabinete de Abbas em Ramallah disse que o presidente vai voltar aos territórios palestinos no fim de semana, depois de se encontrar com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, no Cairo, nesta sexta-feira.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, que tenta reativar as negociações entre Israel e palestinos, disse que pretende viajar em breve ao Oriente Médio. Ela disse que vai tentar "acelerar o progresso" do "mapa do caminho", o plano de paz liderado pelos EUA.
O plano apresenta passos para uma solução com dois Estados, com Israel e palestinos vivendo lado a lado.