O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quarta-feira (25) que a organização islâmica Hamas, que lançou um ataque contra Israel em 7 de outubro e matou mais de 1.400 pessoas, “não é uma organização terrorista”, mas sim “um grupo de lutadores pela libertação”.
"Todo o Ocidente considera o Hamas uma organização terrorista. Daqui eu digo: Israel, você pode ser uma, o Ocidente tem muitas dívidas com você. Mas a Turquia não tem. O Hamas não é uma organização terrorista, é um grupo de lutadores pela libertação, que luta para proteger sua terra e seus cidadãos”, disse Erdogan no Parlamento em Ancara.
O presidente turco também acusou Israel de “matar crianças” em Gaza por meio de seus ataques aéreos na região.
Erdogan disse ainda que apertou a mão do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apenas uma vez, durante uma reunião nos Estados Unidos em setembro, no âmbito dos esforços para melhorar os laços entre os dois países, após o restabelecimento das relações diplomáticas no ano passado.
"Netanyahu abusou da nossa boa vontade. Tínhamos o plano de ir a Israel e cancelamos", disse hoje Erdogan durante o discurso diante de sua bancada no Parlamento.
O chefe de Estado turco pediu um “cessar-fogo imediato” em Gaza, para pôr fim “tanto aos ataques israelenses como ao lançamento de foguetes (do Hamas) contra Israel”, e a abertura urgente de um “corredor humanitário” com permissão de passagem para os feridos em Gaza.
Erdogan destacou que a Turquia, enquanto república com “uma mentalidade de Estado e uma tradição de milhares de anos, forjada nas guerras contra Bizâncio, nas Cruzadas e nos ataques mongóis”, estará sempre do lado palestino.
“Em um mundo cheio de mortos-vivos, nós, como país e nação, continuaremos a proclamar a verdade e, para isso, continuaremos a usar todos os meios políticos, diplomáticos e, se necessário, até militares”, disse o presidente turco, sem detalhar quaisquer medidas específicas.
“Faremos o que estiver ao nosso alcance, com o coração, com a língua, com a mão. Não abandonaremos a posição que nossa civilização, nossa fé e nossa cultura nos exigem. Ao mesmo tempo, não recorreremos a iniciativas sem uma estratégia que não beneficie o povo palestino ou o nosso país", disse.
Em seguida, Erdogan expressou sua convicção de que uma iniciativa turca em aliança com outros países islâmicos seria a "forma mais eficaz de proteger o povo palestino e os muçulmanos de Gaza".
"Acreditamos que nossas propostas para estabelecer poderes garantidores são o método mais concreto e eficiente para alcançar uma solução realista, pelo menos a curto e médio prazo", declarou, em referência à sua defesa de uma solução de paz que estabeleceria um Estado palestino ao lado do israelense, garantido por outras nações.
“Estamos dispostos a ser um dos fiadores do lado palestino com a nossa presença humana, política e militar”, afirmou.
Por fim, o presidente turco lembrou que a Turquia enviou até agora oito aviões com ajuda humanitária ao Egito para ser transferida para Gaza.
Israel rebate declaração
Israel reiterou nesta quarta-feira (25) que o Hamas "é um grupo terrorista desprezível" e condenou as declarações do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmando que a milícia "não é uma organização terrorista", mas sim um "grupo de combatentes da libertação".
"O Hamas é um grupo terrorista desprezível, pior do que o Estado Islâmico, que assassina brutal e intencionalmente bebês, crianças, mulheres e idosos" e "toma civis como reféns e usa o seu próprio povo como escudo humano", disse nesta tarde Lior Haiat, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, na rede social X (ex-Twitter).
Além disso, o porta-voz criticou "a tentativa do presidente turco de defender a organização terrorista" e observou que "as suas palavras incitadoras não mudarão os horrores que o mundo inteiro assistiu e o fato inequívoco: Hamas é igual ao Estado Islâmico". (Com agência EFE)
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