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O vice-chefe do braço político do Hamas, Saleh al-Arouri, afirmou ontem à TV Al Jazeera que o grupo terrorista só recomeçará a libertação de reféns ao final da ofensiva de Israel.
"A nossa posição oficial é que não haverá mais troca de prisioneiros até que a guerra termine", disse al-Arouri, na sexta-feira (1º). "Os prisioneiros israelenses não serão libertados até que os nossos prisioneiros sejam libertados e depois de um cessar-fogo entrar em vigor."
O Hamas alega que os reféns que mantém na Faixa de Gaza são apenas militares ou homens que já serviram ao Exército. Israel afirma, por outro lado, que esperava a soltura de 15 mulheres e duas crianças, previstas em lista confirmada pelo Hamas no acordo de 21 de novembro, que resultou em uma trégua de uma semana, suspensa na sexta-feira.
No período de trégua entre Israel e o Hamas, até a última quinta-feira, foram libertados 110 reféns — israelenses e estrangeiros — e 240 prisioneiros palestinos. Segundo o Exército de Israel, ao menos cinco reféns morreram em cativeiro, com estimativas de que haveria ainda entre 137 e 159 pessoas sequestradas em Gaza.
Impasse impede novo acordo em Gaza
Segundo informou a agência Reuters, uma equipe do Instituto para a Inteligência e Operações Especiais, o Mossad, havia sido enviada a Doha neste sábado (2) para conversar com autoridades sobre uma nova trégua e a libertação de mais reféns. As conversas, de acordo com informações do jornal Times of Israel, chegaram a "um beco sem saída".
Em um comunicado após a reunião, o Mossad alegou que o Hamas "não cumpriu suas obrigações sobre o acordo que incluía a libertação de todas as mulheres e crianças que estavam na lista fornecida ao Hamas, que havia autorizado isso".
O porta-voz do governo israelense, Eylon Levy, havia feito a mesma argumentação na sexta-feira, reforçando que a suspensão da trégua foi tomada pelo Hamas ao "não libertar todas as mulheres sequestradas". Uma fonte do grupo disse à Reuters que o impasse teria ocorrido sobre as mulheres soldados. Para o Hamas, o acordo visava apenas civis, e militares (independente do gênero) deveriam ser negociados separadamente.
O grupo terrorista declarou em nota ter proposto entregar os corpos de um bebê, seu irmão e sua mãe, mortos, segundo ele, nos bombardeios israelenses. Israel não confirmou a morte dos três membros. O Hamas afirma que também ofereceu libertar o pai das crianças, mas que Israel, "que já havia tomado a decisão de retomar a agressão, não respondeu".
De acordo com o Hamas, 650 palestinos foram feridos e 193 morreram desde que os ataques recomeçaram.