Jerusalém - A violência voltou ontem aos territórios ocupados por Israel, na véspera do reinício das negociações de paz com os palestinos. Quatro israelenses foram mortos a tiros perto de Hebron, na Cisjordânia, entre eles uma mulher grávida.
A ação foi reivindicada pelo grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza e é radicalmente contrário à negociação com Israel.
O atentado deve reforçar o clima de pessimismo que cerca o esforço americano de aproximar israelenses e palestinos numa nova rodada do processo de paz a partir de hoje, em Washington.
Além disso, abala a sensação de segurança gerada nos últimos meses pela cooperação entre as forças de Israel e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que administra a Cisjordânia. Foi o pior atentado contra civis israelenses em mais de dois anos.
Segundo o Exército de Israel, o carro com dois casais de colonos estava numa estrada perto do assentamento de Kiryat Arba, quando atiradores palestinos emparelharam e abriram fogo.
As vítimas, todas de uma mesma família, moravam no pequeno assentamento de Beit Hagai, ao sul da cidade de Hebron, um dos principais focos de tensão entre israelenses e palestinos.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que estava a caminho da cúpula de Washington quando o ataque ocorreu, ordenou que as forcas de segurança israelenses "ajam sem limites políticos para capturar os autores. "Essa ação criminosa mostra mais uma vez que temos que ser firmes nas demandas de segurança, disse o porta-voz do premiê, Nir Hefez.
A embaixada de Israel em Washington divulgou comunicado condenado o atentado, mas reiterando que a retomada das negociações seguirá conforme o planejado.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, foi informado do ataque quando estava reunido em Washington com a secretaria de Estado americana, Hillary Clinton.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz de Abbas, disse que a ANP sempre foi contra a morte de civis "de ambos os lados e que o atentado de ontem reforça a necessidade de avançar com rapidez no processo de paz.
Rival da ANP, o Hamas aplaudiu a ação como "uma reação natural aos crimes cometidos por Israel e pelos colonos.
Cresce pressão interna em Israel
A divisão interna em Israel também parece ter alcançado um novo patamar às vésperas da nova rodada de negociações de paz com os palestinos. Centenas de artistas, professores universitários, ativistas e políticos se pronunciaram publicamente a favor de um boicote cultural e acadêmico aos assentamentos judaicos na Cisjordânia.
Da lista de nomes famosos se destacam os dos maiores escritores israelenses da atualidade: Amoz Oz, David Grossman e A.B. Yehoshua.
A polêmica começou no sábado, quando 53 atores e diretores teatrais divulgaram uma carta afirmando que não se apresentariam no novo centro cultural do assentamento de Ariel, que será inaugurado nos próximos meses.
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