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Cubana improvisa loja em sua casa, na cidade de Havana: medidas do governo geram expectativa para o comércio | Desmond Boylan/Reuters
Cubana improvisa loja em sua casa, na cidade de Havana: medidas do governo geram expectativa para o comércio| Foto: Desmond Boylan/Reuters

Epidemia

Fidel alerta para risco da cólera se espalhar

O líder cubano Fidel Castro pediu ontem o combate à epidemia de cólera no Haiti pela ameaça que essa doença representa para a América Latina e o Caribe. "Se a epidemia não for controlada e derrotada, poderá virar uma situação endêmica e dar lugar a um desastre sanitário no Haiti e uma ameaça permanente para o Caribe, assim como para a América Latina", alertou Fidel, em mais um artigo publicado pela imprensa local.

Fidel anunciou na véspera que Cuba reforçará com 300 médicos e paramédicos a brigada que mantém no Haiti, o que ultrapassará os 1.200 efetivos.

A epidemia de cólera no Haiti já matou mais de 250 pessoas.

O país realizou eleições presidencial e legislativas no último domingo sob a ameaça da doença e tumultos em várias cidades.

O Haiti ainda tenta se recuperar do terremoto de janeiro, que matou mais de 250 mil pessoas. Há 1,3 milhão de pessoas que continuam a viver em acampamentos.

Havana - Os cubanos começaram ontem a discutir, em reuniões em seus trabalhos ou em plena rua, as reformas econômicas propostas pelo governo de Raúl Castro. Os debates populares devem durar três meses.

Convocado pelo presidente, a consulta popular se realiza em meio a uma intensa campanha de promoção das medidas com vistas ao VI Congresso do Partido Co­­munista (PCC), o primeiro desde 1997, que será celebrado em abril, com um atraso de nove anos.

"O povo é quem decide", intitulou na primeira página o jornal do PCC, Granma, ao pedir à população expor seu "critério", mas "dentro do âmbito da Revolução" porque "o que está em jogo é o futuro" do país.

O ponto de vista da discussão é um documento de 32 páginas com 291 temas considerados urgentes por Raúl Castro para tirar a ilha da prostração econômica e evitar que a Revolução fracasse, confrontada pela inevitável morte de seus líderes históricos, que estão na casa dos 80 anos.

O governo aposta em mudar, sem se voltar para o capitalismo, o modelo centralizado – herdado da antiga União Soviética – de um Estado que controla 90% da economia, desmontar o paternalismo estabelecido desde a vitória da Revolução, em 1959, que levou Fidel Castro ao poder, e colocar seu país a produzir.

O plano inclui medidas de corte de empregos no Estado – 500 mil até março do mais de um mi­­lhão previsto –, a abertura à iniciativa privada e ao capital ex­­terno, a descentralização da gestão econômica, a flexibilização do comércio, a eliminação de sub­­sídios e o pagamento de im­­postos.

Os desafios do país são enormes. Cerca de 80% dos alimentos são importados, apesar de 50% da terra estar sem cultivar, enquanto as colheitas se perdem porque não são feitas.

Encabeçada pelo jornal Gran­­ma, a imprensa cubana multiplicou seus apelos ao debate, pedindo uma "mudança de mentalidade" de que o "papai Estado" é obrigado a resolver tudo.

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