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Estratégia falha

Hezbollah descartou tecnologia para evitar baixas, mas ainda assim foi alvo de ataque fatal

Hezbollah descartou tecnologia, mas ainda assim foi alvo de ataques em dispositivos eletrônicos
Soldados libaneses e terroristas do Hezbollah se reúnem do lado de fora do Centro Médico da Universidade Americana de Beirute (AUBMC) após as explosões dos pagers nesta terça-feira (Foto: EFE/EPA/WAEL HAMZEH)

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A série de explosões que atingiu dispositivos de mensagens do tipo pager em diversas localidades no sul do Líbano, no leste do Vale do Bekaa e nos subúrbios ao sul de Beirute, todas áreas sob controle do grupo terrorista Hezbollah, dominou o noticiário internacional nesta terça-feira (17).

As explosões mataram nove pessoas, incluindo uma criança e ao menos dois terroristas do Hezbollah, e feriram mais de 2,8 mil, de acordo com o Ministério da Saúde Pública do Líbano.

A jornalista libanesa Kim Ghattas, que escreve para a revista americana The Atlantic, afirmou à emissora CNN que o Hezbollah havia recentemente adotado a estratégia de utilizar “baixa tecnologia” com o objetivo de “proteger” seus terroristas contra ataques e rastreamentos que poderiam ocorrer justamente por meio do controle remoto de dispositivos eletrônicos.

Conforme relatou a jornalista, os terroristas do Hezbollah foram orientados a descartar seus smartphones, principalmente os Iphones, e desconectar sistemas de vigilância, por isso, estavam utilizando os pagers.

Para Ghattas, o que ocorreu hoje foi “claramente um ataque direcionado de Israel contra membros do Hezbollah”.  Israel não assumiu autoria pelos atos e também não fez comentários sobre as explosões. O grupo terrorista Hezbollah e o governo do Líbano, no entanto, culparam o país pelo ataque.

Ghattas apresentou duas possíveis razões para que Israel realizasse tal ataque. A primeira seria uma tentativa de demonstrar ao Hezbollah que Israel possui amplo conhecimento sobre suas operações, o que poderia forçar o grupo terrorista a adotar uma postura mais “submissa” e “deixar claro que um aumento de seus ataques contra Israel será respondido com ainda mais violência", afirmou.

A segunda hipótese, segundo a jornalista, seria que o ataque fosse uma espécie de "preparação" para uma campanha militar de grande escala contra o Líbano, aproveitando a confusão causada pelas explosões.

Outros especialistas afirmaram à agenciais de notícias internacionais que a explosão dos pagers pode ter sido o resultado direto de uma “infiltração” de Israel na “cadeia de suprimentos do Hezbollah”, algo que possivelmente pode ter sido realizado pelo Mossad, o serviço de inteligência israelense.

Segundo informações da agência France-Presse (AFP), uma fonte próxima ao Hezbollah disse que os pagers que explodiram pertenciam a um lote recente que foi importado pelo grupo terrorista e teriam sido sabotados para incluir dispositivos explosivos neles. A Al Jazeera mencionou que o explosivo localizado em cada pager pesava menos de 20 gramas e que os dispositivos foram importados há cinco meses.

Conforme noticiou o portal argentino Infobae, Charles Lister, especialista e diretor do Programa de Combate ao Terrorismo e Extremismo do think tank americano Middle East Institute (MEI), afirmou em sua conta no X que o ataque ocorrido hoje pode ter envolvido a “inserção de pequenos explosivos” ao lado das baterias dos pagers que foram ativados "remotamente por meio de mensagens".

O jornalista e analista militar Elijah Magnier, seguiu na mesma linha da fonte da AFP e, segundo informações da agência francesa, afirmou que o Mossad poderia ter se infiltrado na cadeia logística do Hezbollah e inserido os explosivos durante a produção ou transporte dos pagers.

Mike DiMino, especialista em segurança nacional e ex-analista da CIA, classificou as explosões como uma operação “clássica de sabotagem”, destacando que a execução de um ataque dessa magnitude requer “planejamento extenso, possivelmente de meses ou até anos”. Ele também sugeriu que a infiltração na cadeia de suprimentos do Hezbollah por parte de agentes pode ter "permitido a distribuição dos dispositivos sabotados" dentro da organização terrorista libanesa.

O ex-analista da CIA Edward Snowden, refugiado na Rússia, também comentou o ato ocorrido no Líbano e seguiu na mesma linha dos demais especialistas, citando que provavelmente os pagers podem ter sido alvo de sabotagem.

"Parece mais provável é que se trate de dispositivos explosivos implantados [nos pagers], e não um ataque de hackers”, escreveu Snowden na rede social X, conforme informações da Agência EFE.

“Se fossem explosões de baterias superaquecidas, haveria um número maior de incêndios e falhas menores”, argumentou.

Snowden também disse que Israel pode estar por trás do ataque e condenou o que descreveu como “irracionalidade” desse método.

“É indistinguível do terrorismo", concluiu.

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