![Hezbollah força queda de governo Enquanto o premier Saad Hariri falava com Barack Obama na Casa Branca... | Jason Reed/Reuters](https://media.gazetadopovo.com.br/2011/01/obama13-1.0.76798058-gpLarge.jpg)
São Paulo - O grupo extremista xiita Hezbollah e aliados anunciaram ontem a saída da coalizão de governo do Líbano, jogando por terra o gabinete de unidade formado havia 14 meses e gerando temor de novo período de instabilidade política e conflitos sectários no país.
A decisão foi causada pela resistência do primeiro-ministro Saad Hariri em desautorizar o tribunal da ONU que deve indiciar integrantes do Hezbollah por atentado que matou, em fevereiro de 2005, o seu pai, o ex-premier Rafik Hariri.
A deterioração da situação política do Líbano ocorre no momento em que o Brasil se prepara para assumir a força naval da missão da ONU baseada no sul do país a Unifil, cujo objetivo é evitar conflitos com o vizinho Israel.
O projeto, o mais importante do Brasil depois do Haiti, prevê o envio de embarcações militares e cerca de 200 homens à região e visa elevar a projeção global brasileira.
A renúncia dos dez ministros de um grupo de 30 da aliança liderada pelo Hezbollah, além de um 11.º titular alinhado, foi anunciada durante encontro do premier com o presidente Barack Obama nos EUA.
"Esse gabinete se tornou um fardo para o Líbano, incapaz de fazer o seu trabalho", disse o ex-ministro da Energia Jibran Bassil ao lado de aliados. "Nós estamos dando chance a um novo governo."
O Hezbollah, contra o qual Israel travou uma guerra em 2006, vê o tribunal instalado em maio de 2007 como "projeto israelense" e acusa o governo liderado por Hariri de ceder a pressões ocidentais.
O atentado que matou o ex- premier em 2005, em Beirute, precipitou a saída da Síria regime aliado do Hezbollah do país e abriu o caminho para a chegada ao poder da aliança pró-Ocidente que atualmente lidera o governo. Em 2009, quando o bloco saiu vencedor das eleições gerais, foram necessários cinco meses até a formação do governo de união.
Um ano antes, outro impasse político provocou conflitos que deixaram mais de 80 mortes e reviveram temores de eclosão de uma nova guerra civil a última, encerrada em 90, durou 15 anos.
A expectativa agora é que Hariri tente recompor a coalizão governista, o que esbarra na força adquirida pelo Hezbollah nos últimos anos. A política libanesa se assenta em acordo que prevê presidente cristão, premier muçulmano sunita e líder do Parlamento muçulmano xiita correspondente aos grupos religiosos do país.
Os EUA manifestaram apoio ao governo de Hariri, enquanto Turquia e Arábia Saudita exortaram o Hezbollah a retornar ao governo. Agora, há três cenários possíveis: 1) as forças políticas falham em formar novo governo e impasse político se estende por tempo indeterminado, elevando temores de novos episódios de violência sectária; 2) o presidente aponta novo premier para tentar formar governo com base em uma nova coalizão (saída esbarra em ausência de nome forte entre fileiras governistas); e 3) o premier Saad Hariri recompõe sua coalizão; alternativa que dificilmente vingaria sem Hezbollah e aliados.
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