Enquanto o premier Saad Hariri falava com Barack Obama na Casa Branca...| Foto: Jason Reed/Reuters
....os ministros ligados ao Hezbollah renunciavam em Beirute, derrubando o governo de coalizão
Veja como era composto o ministério libanês
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São Paulo - O grupo extremista xiita Hez­­bollah e aliados anunciaram on­­tem a saída da coalizão de governo do Líbano, jogando por terra o gabinete de unidade formado ha­­via 14 meses e gerando temor de novo período de instabilidade po­­lítica e conflitos sectários no país.

A decisão foi causada pela resistência do primeiro-ministro Saad Hariri em desautorizar o tribunal da ONU que deve indiciar integrantes do Hezbollah por atentado que matou, em fevereiro de 2005, o seu pai, o ex-premier Rafik Hariri.

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A deterioração da situação po­­lítica do Líbano ocorre no momento em que o Brasil se prepara para assumir a força naval da missão da ONU baseada no sul do país – a Unifil, cujo objetivo é evitar conflitos com o vizinho Israel.

O projeto, o mais importante do Brasil depois do Haiti, prevê o envio de embarcações militares e cerca de 200 homens à região e visa elevar a projeção global brasileira.

A renúncia dos dez ministros – de um grupo de 30 – da aliança liderada pelo Hezbollah, além de um 11.º titular alinhado, foi anunciada durante encontro do premier com o presidente Barack Obama nos EUA.

"Esse gabinete se tornou um fardo para o Líbano, incapaz de fazer o seu trabalho", disse o ex-ministro da Energia Jibran Bassil ao lado de aliados. "Nós estamos dando chance a um novo governo."

O Hezbollah, contra o qual Is­­rael travou uma guerra em 2006, vê o tribunal instalado em maio de 2007 como "projeto israelense" e acusa o governo liderado por Hariri de ceder a pressões ocidentais.

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O atentado que matou o ex- pre­­mier em 2005, em Beirute, precipitou a saída da Síria – regime aliado do Hezbollah – do país e abriu o caminho para a chegada ao poder da aliança pró-Ocidente que atualmente lidera o governo. Em 2009, quando o bloco saiu ven­­cedor das eleições gerais, foram necessários cinco meses até a formação do governo de união.

Um ano antes, outro impasse político provocou conflitos que deixaram mais de 80 mortes e re­­viveram temores de eclosão de uma nova guerra civil – a última, encerrada em 90, durou 15 anos.

A expectativa agora é que Ha­­riri tente recompor a coalizão go­­vernista, o que esbarra na força adquirida pelo Hezbollah nos úl­­timos anos. A política libanesa se assenta em acordo que prevê presidente cristão, premier muçulmano sunita e líder do Parla­­men­­to muçulmano xiita – correspondente aos grupos religiosos do país.

Os EUA manifestaram apoio ao governo de Hariri, enquanto Turquia e Arábia Saudita exortaram o Hezbollah a retornar ao go­­verno. Agora, há três cenários pos­­síveis: 1) as forças políticas falham em formar novo governo e impasse político se estende por tempo indeterminado, elevando temores de novos episódios de violência sectária; 2) o presidente aponta novo premier para tentar formar governo com base em uma nova coalizão (saída esbarra em ausência de nome forte entre fileiras go­­vernistas); e 3) o premier Saad Hariri recompõe sua coalizão; al­­ternativa que dificilmente vingaria sem Hezbollah e aliados.