Centenas de milhares de pessoas, a maioria seguidores do Hezbollah, fizeram na sexta-feira em Beirute uma manifestação para exigir o fim do governo pró-Ocidental de Fouad Siniora.
``Queremos um governo limpo'', dizia um cartaz. ``Fora Siniora, queremos um governo livre, livre'', gritava a multidão. Alguns montaram barracas nas ruas que levam à sede do governo.
O influente líder sunita anti-sírio Saad Al Hariri disse que os protestos não vão derrubar o governo, ``não importa quanto tempo fiquem na rua.''
O Hezbollah, principal grupo xiita do Líbano, e seus aliados pró-sírios convocaram libaneses de todo o país para a manifestação na capital, que dá início a um acampamento contra o governo. O Hezbollah, apoiado por Síria e Irã, considera o governo um ``fantoche'' dos EUA.
``Peço ao primeiro-ministro e a seus ministros que renunciem'', disse o líder cristão de oposição Michel Aoun, sob aplausos. Falando em nome da oposição, Aoun exigiu a formação de um governo de unidade nacional.
A oposição chegou a bloquear o acesso ao prédio onde Siniora e a maioria dos ministros acompanhavam o protesto, o que foi resolvido após contatos entre lideres da oposição e diplomatas árabes. ``O governo recebeu nossa mensagem'', disse um dirigente oposicionista.
A sede do governo foi isolada com arame farpado e grades metálicas, e um grande número de policiais foi deslocado, com apoio de veículos blindados.
Fontes ligadas à organização do protesto estimam a presença em 1 milhão de pessoas. O xeque Naim Kassem, vice-líder do Hezbollah, disse à TV do grupo que os protestos vão continuar até que o gabinete caia.
O Hezbollah se desentendeu com o governo por acusar Siniora de não dar ao grupo a devida ajuda durante a guerra de julho e agosto contra Israel.
``O governo foi negligente durante a guerra. Por isso queremos um governo de unidade nacional'', disse Ali Aboud, morador de Beirute.
Siniora disse na quinta-feira que o governo não vai renunciar. Os políticos anti-sírios que controlam o gabinete dizem que o grupo xiita e seus aliados querem dar um golpe.
O governo foi enfraquecido no mês passado pela renúncia de seis ministros da oposição e pelo assassinato de um ministro cristão anti-sírio, num crime pelo qual muitos acusaram Damasco.
O líder druzo Walid Jumblatt, principal líder anti-sírio, pediu aos seus seguidores que mantenham a calma e evitem o confronto nas ruas. Ele disse que o Hezbollah quer colocar o país sob tutela sírio-iraniana.
``Vamos continuar resolutos'', afirmou em entrevista coletiva na sexta-feira. ``Vamos confrontar calmamente. Vamos continuar nas nossas casas e hastear bandeiras libanesas. Vamos esperar um, dois meses, e observá-los.''
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