O líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, pediu hoje que todos os libaneses boicotem o tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, ocorrido em 2005. Segundo Nasrallah, todas as informações reunidas pelo grupo são enviadas a Israel.
A declaração foi feita um dia depois de um grupo de mulheres ter atacado dois investigadores do órgão e um intérprete libanês quando eles reuniam provas numa clínica ginecológica particular, em Beirute. As mulheres entraram em confronto corporal com os investigadores e roubaram alguns de seus pertences.
O ataque demonstra as emoções suscitadas pelo tribunal que, segundo o Hezbollah, é tendencioso. Nasrallah não citou o episódio da clínica ou se o Hezbollah havia pedido que o grupo se reunisse no local, mas confirmou que as viúvas e mulheres de comandantes e oficiais do Hezbollah estavam entre as pacientes da clínica.
O tribunal ainda não indiciou nenhum suspeito pelo assassinato de Hariri, as especulações de que membros do Hezbollah poderiam ser convocados elevou os temores de confrontos entre a fortemente armada guerrilha xiita e os aliados do ex-premiê, majoritariamente sunitas. O presidente do tribunal e o Departamento de Estado declararam ontem que a investigação não será afetada pelo ataque, que aconteceu no subúrbio de Ouzai, sul de Beirute, local de forte atuação do Hezbollah.