A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, declarou ontem que seu país e o Brasil têm "sérias divergências" sobre o programa nuclear iraniano, apesar de as relações bilaterais em outros temas serem boas. "Sem dúvida, temos sérias divergências com a política diplomática do Brasil em relação ao Irã", disse Hillary, em suas declarações mais diretas sobre como vê a negociação brasileira e turca com os iranianos sobre seu programa nuclear.
Os Estados Unidos acusam o Irã de querer desenvolver armas atômicas, algo que é negado pelos iranianos, que afirmam que seu programa tem apenas fins civis.
Hillary afirmou em Washington que o Irã está usando o Brasil para ganhar tempo e que "é hora de ir ao Conselho de Segurança" das Nações Unidas. Ao responder a questões de jornalistas sobre a nova estratégia de segurança da administração Barack Obama, divulgada ontem, Hillary disse que os brasileiros argumentam que a pressão feita pelos Estados Unidos por novas sanções na ONU contra o Irã poderá levar a um conflito.
"Nós dissemos (aos brasileiros) que não concordamos com isso, que pensamos que os iranianos estão usando o Brasil, nós achamos que é hora de ir ao Conselho de Segurança", disse.
Hillary informou ainda ter dito ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, que "nós achamos que dar tempo ao Irã, permitir que o Irã evite a unidade internacional em relação a seu programa nuclear torna o mundo mais perigoso, não menos".
Os Estados Unidos acusam o Irã de querer desenvolver armas atômicas, algo que é negado pelos iranianos, que afirmam que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos.
O acordo tripartite, firmado no dia 17 de maio em Teerã com Brasil e Turquia, prevê a troca na Turquia de 1,2 mil kg de urânio iraniano enriquecido a 3,5% por 120 kg de combustível enriquecido.
Com este acordo, o Irã pretende tranquilizar a comunidade internacional sobre seu programa nuclear.