Hillary Clinton agregou delegados o suficiente para ser a indicada democrata e primeira mulher a concorrer à Casa Branca, segundo sondagem da AP (Associated Press).
Na estimativa da agência de notícias, ela já tem 2.383 delegados, um a mais do que precisa, e fechou a conta antes desta terça (7), quando a Califórnia e outros cinco Estados votam na última grande rodada de prévias partidárias nos EUA.
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Para chegar ao resultado, a AP computou considerou o embarque de mais superdelegados na candidatura de Hillary.
Ela já era a predileta desse grupo, que vota na convenção sem seguir as urnas e são 15% do 4.763 votos totais. Sanders, até agora, só tem 48 dos 712 superdelegados a seu lado.
Com isso, a campanha pela Casa Branca começará oficialmente com uma reorganização de forças em torno dos nomes de Hillary e Donald Trump.
O republicano já alcançou o mínimo de delegados para liderar a chapa republicana, segundo outra contagem extraoficial da AP.
Se nada de extraordinário acontecer, a dupla deve ser chancelada nas convenções partidárias, em julho, e se enfrentar em 8 de novembro.
A grande pergunta, porém, é: em um país onde o voto não é obrigatório, terá o eleitor ânimo para sair de casa e optar entre recordistas em rejeição (58,5% ele e 55,5% ela)?
Em 2008, na primeira eleição de Barack Obama, 61,6% dos cidadãos aptos a votar o fizeram, índice historicamente alto.
Para especialistas, contudo, neste ano Hillary e Trump podem se salvar menos por mérito próprio e mais pela perspectiva indesejável de um triunfo alheio.
Nesse caso, a lógica do “mal menor” seria o incentivo tanto entre republicanos, que tolerariam Trump para barrar mais quatro anos de democratas no poder, quanto para simpatizantes do pré-candidato Bernie Sanders como o clarinetista Benjamin Trilson, 25. “A gente tapa o nariz e vai”, diz sobre o voto na ex-secretária de Estado.
O nova-iorquino afirmou à Folha que seu plano para 8 de novembro era “nadar pelado no rio Hudson ou qualquer coisa que não significasse votar na hecatombe Hillary”.
Mas amigos convenceram o típico eleitor de Sanders (um jovem “de bode com Washington”) que o o risco do magnata era “nuclear”.
Desde 1932, cerca de 55% dos cidadãos acima de 18 anos nos EUA votam - o ápice foi em 1960 (63%), quando John Kennedy venceu, e o sopé em 1996 (49%), na reeleição de Bill Clinton.
Para o professor Robert Shapiro, da Universidade Columbia, a eleição de 2016 será “emocional”, e Trump largará em vantagem após colher 11,5 milhões de votos nas prévias, um recorde, e derrotar 16 rivais partidários.
Já para Hillary pesa o prolongamento da disputa, esticada pela resiliência de Sanders.
Com a contagem da AP, ela pode respirar mais aliviada antes de a competição interna chegar ao fim, no Distrito de Columbia (onde fica Washington), com 20 votos em jogo dia 14.
A situação na Califórnia era complicada: tinha vantagem de apenas 2% sobre Sanders na média das pesquisas.
O problema, aponta Shapiro, será se o senador de Vermont não começar logo a usar seu capital eleitoral para ajudar Hillary.
Hoje, um em cada quatro simpatizantes do autodeclarado social-democrata diz que não votaria nela. Mas ela já lembrou, em maio, que 40% de seus eleitores rejeitavam Obama em 2008.
Diz ter trabalhado para reverter o quadro, e que Sanders deveria fazer o mesmo.
Para Shapiro, os democratas podem se beneficiar de cidadãos latinos dispostos a estrear nas urnas “por medo de Trump”, que promete deportar 11 milhões de imigrantes.
Ele frisa, porém, que a máquina republicana se empenhará para evitar a evasão de republicanos anti-Trump. Afinal, se o eleitor preferir ficar em casa, “seriam também votos a menos para seus candidatos ao Congresso”, e o risco de derrota.
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