Dentro de poucos dias, Hillary Clinton deixará o Departamento de Estado norte-americano e se tornará uma cidadã comum pela primeira vez em 34 anos. Mas em breve terá de tomar uma próxima grande decisão, disputar ou não a Presidência em 2016.
Muitos fatores pesariam a favor disso. Ela deixa o cargo de secretária de Estado como a mais popular integrante do gabinete do presidente Barack Obama e como a mulher mais admirada do país -- bem à frente, inclusive, da primeira-dama Michelle Obama, segundo uma pesquisa Gallup.
Além disso, o Partido Democrata a deseja. Uma pesquisa do instituto Public Policy Polling mostrou que 57 por cento dos democratas gostariam que ela concorresse, contra apenas 16 por cento de apoio a outro potencial candidato, o vice-presidente Joe Biden.
O marido dela, o ex-presidente Bill Clinton, não esconde que adoraria vê-la disputando a Casa Branca.
Mesmo assim, Hillary parece em dúvida. Ela se recupera das consequências de um coágulo que se formou perto do cérebro no final de 2012. Em 2016 ela terá 69 anos, idade bastante avançada para um presidente.
Além disso, precisaria levar em conta se os norte-americanos desejam mais quatro anos de governos democratas, depois dos dois mandatos de Obama.
Hillary parece gostar da ideia de ter tempo livre ao sair do cenário político, ao menos por enquanto. Uma nova disputa, depois da frustrada candidatura de 2008, a exporia outra vez às farpas do jogo político, colocando em risco sua reputação de lealdade, empenho e perseverança que ela construiu como secretária. Se perder novamente, ficaria marcada com a pecha de ter sido duas vezes derrotada.
Desde 1979, quando se tornou primeira-dama do Arkansas, Hillary é uma figura pública. Depois disso ela foi primeira-dama dos EUA, senadora por Nova York, pré-candidata presidencial e, desde 2009, corre o mundo como chefe da diplomacia norte-americana.
Ela dá poucas pistas quanto ao seu futuro, e nenhuma delas definitiva.
"Acho que após 20 anos, e serão 20 anos, estando no primeiro escalão da política norte-americana e com todos os desafios que isso acarreta, seria provavelmente uma boa ideia simplesmente descobrir como estou cansada", disse ela em um evento no ano passado.
Então ela vai se aposentar?
"Não sei se usaria essa palavra, mas certamente me afastar da pista velocíssima por um tempinho", disse ela a jornalistas na semana passada, quando voltou ao trabalho depois de se recuperar do coágulo na cabeça.
Após um período de descanso, Hillary deve trabalhar no âmbito de alguma fundação com questões das mulheres e crianças, sua prioridade desde a época do Arkansas. Não está claro se ela criará uma instituição própria ou fará isso junto à Fundação Clinton, do seu marido.