Caças
Secretária tenta reverter falta de confiança
Agência Estado
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, tentará, no encontro que terá hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reverter a "falta de confiança" que o Brasil tem em relação aos norte-americanos e que deixou o país em posição desfavorável na disputa pela compra dos caças que equiparão a Força Aérea Brasileira (FAB) pelos próximos 30 anos. O governo brasileiro já manifestou por diversas vezes sua preferência pela parceria estratégica com a França. E o ministro da Defesa, Nelson Jobim, em várias entrevistas, fez críticas diretas à proposta norte-americana dizendo que os "precedentes" dos EUA de transferência de tecnologia "não são bons". Na decisão do Planalto, que está sendo aguardada para o final deste mês, o F-18 Super Hornet norte-americano está disputando com o Rafale francês e o Gripen sueco.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, desembarcou ontem em Brasília, após passar pelo Uruguai, Argentina e Chile, com o objetivo principal de pressionar o Brasil a tratar do abuso aos direitos humanos com o Irã. A número 1 da diplomacia de Washington não participaria de encontros oficiais à noite, e apenas se reuniria com o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon. Hoje, Hillary se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o chanceler Celso Amorim.
Na reunião com Amorim serão assinados acordos nas áreas de mudança climática, políticas de gênero e cooperação. Hillary ainda irá hoje a São Paulo, onde participará de um debate na Universidade Zumbi dos Palmares.
A Casa Branca defende uma "parceria" com o Brasil, até mesmo em temas espinhosos como Irã e Cuba. Mas alerta que o governo brasileiro deve pensar no futuro de sua relação com Washington e, se optar por ser uma ponte com credibilidade entre o Ocidente e o Irã ou com Cuba, terá também de combater a repressão nesses locais. Esse foi o recado dado pela Casa Branca horas antes da chegada de Hillary.
A vice-secretária de Estado norte-americana, Maria Otero, foi enfática ontem sobre a visita que Lula fará ao Irã.
"Esperamos que o presidente Lula use essa oportunidade para poder se dirigir às autoridades e falar sobre os abusos aos direitos humanos. Os abusos são muito fortes e incluem também tortura", disse Otero, em Genebra.
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