Hillary procurou resolver crise admitindo que teve “sorte”| Foto: Gary Cameron/Reuters

Ética

Palestras sustentam a família Clinton e viram tema de controvérsia

Efe

A grande dama dos democratas enfrenta outra controvérsia por causa da principal fonte de renda com que reconstruiu sua fortuna desde que deixou a Casa Branca em 2001: as palestras pagas tanto dela quanto as do marido.

Na época em que a ex-primeira dama se lançava ao Senado e a uma pré-campanha presidencial em 2008 (ela perdeu para Obama, dentro do partido), o que gerou novas dívidas para a família Clinton, o ex-presidente dos EUA arrecadou US$ 104,5 milhões por fazer 542 discursos entre 2001 e 2013, segundo uma análise das declarações financeiras publicadas pelo jornal The Washington Post.

Um grupo de estudantes da Universidade de Nevada em Las Vegas pediu a Hillary, na última sexta-feira, que doasse aos alunos – pressionados pelo crescente custo das aulas – os US$ 225 mil que prevê cobrar em outubro por um discurso na instituição.

O círculo de Clinton defende que fazer palestras para grupos diferentes é mais ético que trabalhar para companhias financeiras que podem estar ligadas a grandes grupos de interesse.

Persistente de entrevista em entrevista na afirmação de que ainda não tomou uma decisão sobre se vai disputar a Casa Branca ou não, a exposição constante na mídia que Hillary enfrenta por ser considerada o grande trunfo dos democratas teve um efeito colateral: muito antes de qualquer outro possível candidato à presidência, ela já está sendo analisada com cuidado.

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US$ 200 mil é o valor cobrado por palestra feita pela ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Cifra equivale a R$ 442 mil. Um grupo de estudantes da Universidade de Nevada, em Las Vegas, pediu que ela doasse o pagamento de uma palestra para os alunos endividados.

Ela saiu ilesa da reaparição na mídia de Monica Lewinsky em maio e superou sem arranhões os ataques sobre seu estado de saúde, mas junho foi um mês difícil para Hillary Clinton, que tropeçou nas declarações que fez sobre os percalços financeiros que enfrentou.

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"Quando [Bill Clinton e eu] deixamos a Casa Branca, estávamos completamente arruinados", disse. Com essas palavras, ditas em entrevista na mansão decorada com mogno e tapetes orientais que possui em Washington, a ex-secretária de Estado traçou uma imagem que pode lhe render dores de cabeça.

A imagem de uma política rica, que viaja em aviões particulares, cobra mais de US$ 200 mil por palestra e que, no entanto, se queixa das dificuldades econômicas que precisou superar.

A atitude rendeu acusações de falta de sensibilidade com os problemas dos americanos de classe média, além de dar munição para os republicanos que vigiam cada um dos movimentos da pré-campanha para as eleições presidenciais de 2016.

O erro, em meio à maratona de entrevistas e palestras pagas que Hillary concede como antessala de sua esperada decisão sobre se voltará a concorrer ou não à presidência pelo Partido Democrata, levou a ex-primeira-dama a tentar salvar sua imagem perante os eleitores.

"Pode ser que essa não seja a forma mais astuta de dizer que Bill e eu atravessamos muitas fases. Mas, obviamente, fomos muito sortudos", admitiu Hillary há poucos dias em Chicago.

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Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, a ex-secretária de Estado quis se distinguir dos "verdadeiramente poderosos", ao ressaltar que seu marido e ela pagam impostos sobre o que ganham, o que outras grandes fortunas do país evitam.

Mas isso também não acalmou os críticos, e o erro de Hillary ameaça se tornar um obstáculo político semelhante ao que teve o ex-candidato presidencial republicano Mitt Romney quando menosprezou os "47% dos cidadãos" do país que, segundo ele, dependiam do governo.

Em 2008, outro candidato republicano, John McCain, também gerou constrangimento ao admitir que não lembrava quantas casas tinha.

Hard Choices

O livro sobre a época que Hillary Clinton trabalhou na Secretaria de Estado dos EUA, sofreu uma queda acentuada nas vendas: de 85 mil cópias vendidas na primeira semana para 48 mil na segunda. A editora distribuiu 1 milhão de cópias para todo os EUA.

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