A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, chegou neste domingo ao Oriente Médio citando a paz entre israelenses e palestinos pela primeira vez em uma conferência internacional de doadores de recursos para a Faixa de Gaza.
Os Estados Unidos devem conceder mais de US$ 900 milhões na conferência de segunda-feira no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, localizado no Mar Vermelho. Os recursos são destinados à recuperação da Faixa de Gaza após a ofensiva israelense em dezembro.
Washington também quer que o dinheiro ajude o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que é apoiado pelo Ocidente, e estipulou que nenhum recurso vindo dos EUA chegará até o grupo militante Hamas, que comanda Gaza, enquanto o Fatah, de Abbas, governa a Cisjordânia.
"Eu anunciarei o comprometimento para um pacote significativo de ajuda, mas ele só será gasto se determinarmos que nossos objetivos sejam para o progresso, não arruinados ou subvertidos", disse Hillary ao Voz da América em entrevista gravada na sexta-feira. Ela não conversou com repórteres durante o seu vôo para o Egito.
"Todas as propostas de ajuda que esta conferência deve produzir não valerão praticamente nada se os doadores não requisitarem que Israel abra as fronteiras para bens comerciais e coisas humanitárias essenciais", afirmou Kenneth Roth, diretor-executivo do Humans Rights Watch.
Após a conferência no Egito, onde também haverá o encontro entre líderes árabes e europeus, Hillary viajará a Jerusalém para se reunir com políticos israelenses que tentam construir um novo governo após as eleições de fevereiro. Os palestinos também estão tentando formar um novo governo.
"Não há muita pressão para se exercer em um momento no qual ainda há um governo para ser formado", disse Jon Alterman, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, um instituto de pesquisas de Washington.
Hillary planeja se encontrar com Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro designado de Israel, que no sábado abandonou esforços para formar um amplo governo de coalizão com a centrista Tzipi Livni, envolvida nas negociações de paz chefiadas pelos Estados Unidos.
Livni acusou Netanyahu de ter comprometimento insuficiente com as negociações, e a decisão dela de não formar um governo enfraquece os esforços de Hillary para iniciar o processo de paz que seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, falhou em levar adiante.
Silvan Shalom, um aliado de Netanyahu, disse à Reuters que o líder do Likud entraria no diálogo com os palestinos. Mas não concordaria em apoiar a solução bilateral defendida pelas potências internacionais desde os acordos de Oslo em 1993.
"Este é um momento sensível na política israelense, enquanto há a tentativa para se formar um governo, mas eu aproveito a oportunidade de reafirmar a força do relacionamento EUA-Israel e as conversas sobre a melhor maneira de avançar no processo de paz," concluiu Hillary.