Uma deterioração nas relações entre o Egito e Israel está complicando mais os esforços dos Estados Unidos para avançar o processo de paz no Oriente Médio. Os EUA, tradicionalmente, confiam no papel do Egito para mediador na região e o país atua como interlocutor entre facções rivais palestinas e também entre elas e Israel. Mas esses esforços agora estão estancados e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, irá ao Cairo na quarta-feira para ter uma reunião com o presidente egípcio Hosni Mubarak, num sinal claro das preocupações dos EUA de que o apoio egípcio e árabe ao processo esteja perdendo força.
Hillary, que nesta terça-feira esteve no Marrocos e estendeu sua viagem por mais um dia para ir ao Cairo, chega ao Egito num dos piores pontos nas relações diplomáticas entre o país e Israel em três décadas. No mês passado, o Egito reduziu seus contatos diplomáticos com Israel, num aparente protesto pela negativa israelense em suspender a construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
O Egito tentou manter Israel fora de alguns fóruns internacionais e criticou um acadêmico por ele ter se reunido com o embaixador israelense no Cairo. Além disso, os egípcios culpam Israel pela derrota do seu ministro da Cultura, que disputava o cargo de diretor-geral da Unesco, e até mesmo pelas tentativas de outros países africanos de possuir uma quantidade maior das águas retiradas do rio Nilo.
"Se geralmente os laços entre Egito e Israel foram frios, agora são gelados", disse Samir Ghattas, chefe do Centro Maqdus de Estudos Estratégicos. Israel reconhece a tensão com o Egito, mas tem minimizado os problemas, ao afirmar que a postura recalcitrante contra o Estado judeu vem mais da sociedade que do governo egípcio.
O Egito foi o primeiro país árabe a assinar um tratado formal de paz com Israel, em 1979, e embora os laços entre os dois países nunca tenham sido estreitos, o Egito desempenha um papel de mediador na região.