Secretária de Estado dos EUA discutiu acordo sobre o arsenal nuclear em encontro com o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov| Foto: Reuters
Hillary Clinton desembarcou na Rússia para uma visita diplomática de dois dias
Veja também
  • Ex-arrecadador de Hillary e Obama admite fraude de US$ 292 mi
  • Israel diz que enviado de Obama pode voltar no domingo
  • Obama diz que EUA buscarão sanções agressivas contra o Irã
  • Obama diz que planos de Israel não contribuem para paz
  • Esforço do Irã para desenvolver bomba nuclear desacelerou, diz EUA
CARREGANDO :)

A secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, disse nesta quinta-feira que Washington e Moscou estão conquistando "progresso substancial" na negociação de um acordo para substituir o tratado de redução de armas nucleares, que expirou em dezembro. Hillary falou durante uma visita de dois dias a Moscou para a realização de conversações sobre uma série de questões internacionais. Hillary e os russos, no entanto, tiveram uma divergência a respeito do Irã. Os Estados Unidos querem que a Rússia suspenda o início das operações da usina nuclear de Bushehr, que o Irã construiu com apoio russo. O governo russo disse que manterá o cronograma para iniciar as operações.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, disse mais cedo nesta quinta-feira que a nova usina nuclear do Irã, construída pela Rússia, começará a operar no verão (boreal) deste ano, mesmo que os Estados Unidos tenham pedido a Moscou que não coloque a usina em funcionamento até que o Irã prove que não está desenvolvendo armas nucleares.

Publicidade

O esperado acordo nuclear entre EUA e Rússia deve substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start), de 1991 e que expirou em 5 de dezembro de 2009. O novo pacto é visto como um pilar no chamado relançamento das relações entre os dois países, antes inimigos na Guerra Fria.

O presidente dos EUA, Barack Obama, e seu colega russo, Dmitry Medvedev, pediram que o acordo fosse fechado logo, quando se encontraram em Moscou em julho. As negociações, porém, ficaram emperradas por questões como métodos de contagem, procedimentos de verificação dos arsenais e os planos dos EUA para instalar um sistema antimísseis na Europa. "Nós chegaremos a um acordo final em breve", previu Hillary nesta quinta-feira. Hillary terá uma reunião na sexta-feira com Putin.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, por sua vez, disse que os dois países estão "na reta final" para assinar o acordo contra a proliferação nuclear e para que os respectivos arsenais sejam novamente reduzidos. Diplomatas russos e norte-americanos terão mais uma reunião sobre o tema amanhã, sexta-feira, em Genebra.

Usina nuclear no Irã

Lavrov disse em entrevista coletiva com Hillary que "o projeto (da usina iraniana de Bushehr) será completo e agora nós entramos numa fase final de preparações tecnológicas". Segundo Lavrov, a usina de Bushehr tem sido acompanhada de perto por inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o uso e monitoramento da energia nuclear.

Publicidade

Lavrov disse que a usina de Bushehr é um passo essencial para o Irã cooperar com a AIEA e cumprir com suas obrigações que assumiu ante os tratados internacionais contra a proliferação nuclear.

Hillary pediu aos russos que não iniciem a operação da usina de Bushehr, até que o Irã prove que não está construindo armas nucleares. "Se o Irã garantir ao mundo, ou se o seu comportamento mudar por causa das sanções internacionais, então eles poderão pesquisar para obter a energia nuclear pacífica e civil", disse Hillary. "Mas na ausência dessas garantias, nós acreditamos que seria prematuro ir em frente com qualquer projeto desses por enquanto, porque nós queremos enviar uma mensagem inequívoca aos iranianos", disse Hillary num comunicado após a reunião e coletiva com Lavrov.

No passado, embora reticente, a Rússia apoiou três rodadas de sanções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU. Nos últimos meses, a Rússia deu sinais de que poderá apoiar uma quarta rodada de sanções contra o Irã, sob a condição de que as sanções não prejudiquem a população iraniana. Ao mesmo tempo, os russos tentam manter relações amigáveis com o Irã, uma potência regional vizinha à vulnerável fronteira sul da Rússia.