A possibilidade de o presidente Hugo Chávez não tomar posse no dia 10 de janeiro cresce à medida que se aproxima a data prevista pela Constituição venezuelana. Na segunda-feira, os oposicionistas foram surpreendidos com declarações do governador de Miranda, Henrique Capriles, derrotado nas eleições presidenciais de outubro, admitindo que o presidente poderá ser empossado em outra data.
"É preciso ser muito sério e muito transparente nesses casos. Penso que não perde a condição de presidente eleito a pessoa que não possa tomar posse exatamente no dia estabelecido", disse Capriles.
"Se o presidente da República não puder se apresentar no dia 10 de janeiro para tomar posse diante da Assembleia Nacional, a própria Constituição tem as respostas. Aí se aplicaria inicialmente uma ausência temporária e, depois, o que estabelece a Constituição para a falta absoluta", acrescentou Capriles.
A posição de Capriles diverge da opinião da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que afirma que a data da posse é inadiável e que a ausência de Chávez no dia 10 de janeiro caracterizará sua "ausência absoluta".
As declarações do líder Capriles, além de surpreenderem a oposição, reforçaram a tese dos governistas. "A Constituição é muito clara, o presidente neste momento está fazendo uso de uma permissão constitucional, aprovada por unanimidade pela Assembleia Nacional, para atender sua condição de saúde. Se essa permissão (...) tiver que ser estendida depois de 10 de janeiro dia previsto para assumir o cargo , se ativaria a Constituição e certamente teria que fazer seu juramento no Supremo Tribunal de Justiça (TSJ)", afirmou o vice-presidente, Nicolás Maduro.
"No momento em que sua equipe médica indicar e quando houver possibilidade, o presidente fará o juramento constitucional", insistiu Maduro após uma missa celebrada na segunda-feira, no centro de Caracas, pela saúde de Chávez, da qual participaram ministros, funcionários e seguidores do presidente.
No dia 11 de dezembro o presidente venezuelano foi operado pela quarta vez em 17 meses de um câncer, em Havana, onde se encontra em tratamento médico.