NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

Tóquio – Algumas das misteriosas tumbas imperiais japonesas devem ser abertas pela primeira vez no início do ano que vem por arqueólogos e historiadores. Essa medida irá provavelmente causar fúria nos cidadãos mais conservadores do país.

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Durante muito tempo, o acesso a centenas de mausoléus e tumbas de antigos imperadores japoneses foi negado aos especialistas, visto que a agência dos assuntos imperiais do Japão considera esses lugares mais como religiosos e sagrados do que relíquias culturais. Alguns historiadores alegam, todavia, que a reserva com que a agência trata o assunto se deve ao medo de que uma inspeção mais profunda dos locais de enterro possa revelar evidências sobre as verdadeiras origens da família imperial japonesa.

Membros de sociedades arqueológicas e históricas receberam permissão para acessar duas tumbas nos meses de fevereiro e março, como relata a agência de notícias Kyodo, que menciona fontes do governo japonês. Obras de escavação estão proibidas e os pesquisadores poderão adentrar somente na parte mais externa das tumbas.

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Os mausoléus que tiveram acesso liberado pertencem ao imperador Meiji (1852-1912) e a imperatriz Jingu (170-269), esposa do imperador Chuai, cuja data de nascimento é desconhecida.

As ações da agência, apesar da burocracia opaca que rege os assuntos da família imperial, não parecem ser capazes de impedir a divulgação de informações sobre as verdadeiras origens do que alguns acreditam ser a mais antiga monarquia do mundo.

Acredita-se no mito ancestral e que os imperadores do Japão são descendentes diretos da deusa do Sol, Amaterasu Omikami, e que o imperador atual é o último de uma linhagem de mais de 125 imperadores existentes ao longo de mais de 2 600 anos de história, que iniciou com Jimmu, 700 anos antes de Cristo.

Apesar do imperador Hirohito ter renunciado sua divindade após a derrota do Japão na guerra em 1945, os ultranacionalistas consideram o filho dele, o atual imperador Akihito, como um deus vivo, e ameaçaram de morte os arqueólogos envolvidos em tentativas anteriores de acesso às tumbas.

O maior medo destes "defensores" é de que as tumbas revelem evidências materiais suficientes de que a família imperial japonesa tenha origem na China e na península da Coréia. O imperador Akihito fez alusão à sua descendência coreana durante seu 68.° aniversário, em 2001 – ele disse que sentia um "certo carinho pela Coréia devido ao fato de que está registrado nas crônicas do Japão que a mãe do imperador Kammu era da linhagem do rei Muryong, de Paekche". Kammu reinou de 781 D.C. a 806 D.C. e Muryong reinou Paekche, na Coréia, de 501 D.C a 523 D.C.

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A maioria dos locais de enterro mais importantes está localizada nas cidades de Nara e Kyoto, ou nas suas redondezas. O maior, pertencente ao imperador Nintoku (início do século 5) é um túmulo em forma de fechadura, próximo a Osaka. O ar de segredo que rodeia os túmulos imperiais se justifica pelo fato de ninguém saber o que se esconde neles.