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Memória

Histórias de García Márquez inserem o fantástico no cotidiano e falam da vida

Foi o poeta chileno Pablo Neruda quem comparou Gabriel García Márquez (em foto de 2005) a Miguel de Cervantes (1547-1616), autor do clássico O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha | Albert Gea/Reuters
Foi o poeta chileno Pablo Neruda quem comparou Gabriel García Márquez (em foto de 2005) a Miguel de Cervantes (1547-1616), autor do clássico O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha (Foto: Albert Gea/Reuters)

Depois de semanas internado com infecção pulmonar e das vias urinárias, morreu ontem, aos 87 anos, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, ganhador do prêmio Nobel de literatura de 1982. Ele estava em casa, na Cidade do México, onde viveu por mais de 30 anos – nos últimos deles, enfrentando problemas sérios de memória.

A família, com exceção do irmão Jaime García Márquez, evitou vincular seus problemas de saúde ao mal de Alzheimer. A última aparição pública de García Márquez, ou Gabo, como era chamado pelos amigos íntimos, foi em seu aniversário, em 6 de março. Ele sorriu para os jornalistas, mas não falou com a imprensa.

Figura mais popular da literatura hispânica desde Cervantes, García Márquez ficou conhecido como um dos pais do realismo mágico, gênero literário desenvolvido nos anos 1960 e 1970 e caracterizado pela inclusão de elementos fantásticos no cotidiano ordinário.

De todos os seus livros, cujas vendas alcançaram mais de 50 milhões de cópias, o mais lido certamente é Cem Anos de Solidão (1967), épico sobre uma família fictícia, Buendía, numa cidade imaginária, Macondo.

Nele, o escritor mescla lembranças pessoais a acontecimentos extraordinários, antevendo o próprio drama pessoal que enfrentaria na velhice (uma cidade inteira perde a memória no livro).

Ele é autor também de O Outono do Patriarca, Ninguém Escreve ao Coronel, Crônica de Uma Morte Anunciada e O Amor nos Tempos do Cólera, seus romances mais populares. Gabo também é associado aos nomes mais representativos do chamado new journalism, corrente do jornalismo marcada pela liberdade com que são retratados fatos reais, à qual pertence o norte-americano Tom Wolfe.

Aos 20 anos, Gabriel García Márquez mudou-se para Bogotá, onde estudou Direito e Ciências Políticas sem, no entanto, obter o diploma, começando a trabalhar um ano depois como repórter do jornal El Heraldo, em Barranquilla. Ele também foi crítico do El Espectador, antes de partir para a Europa, em 1961, como correspondente estrangeiro. Sua obra jornalística completa foi publicada no Brasil pela editora Record.

Em 1967, com Cem Anos de Solidão, ele conquistaria o mundo literário, recebendo do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) seu maior elogio: "É o melhor romance escrito em castelhano desde Cervantes". Seu último livro foi publicado em 2004, Memória de Minhas Putas Tristes.

Cinema 1

García Márquez se dizia um "cineasta frustrado". Ele esteve envolvido com o cinema ao longo de quase toda a vida. O cinema retribuiu o afeto, levando para as telas mais de 20 adaptações de suas obras literárias.

Cinema 2

Estudando cinema na Itália, ele aprendeu muito, mas colocou pouco em prática e dizia que sua experiência no cinema se resumiu à função de terceiro assistente em um filme de Alessandro Blasetti, afastando do set os curiosos.

Cinema 3

Durante as filmagens, ele conheceu Sophia Loren no auge da beleza. Ele não diz que filme era, mas pela época pode ser tanto Bela e Canalha quanto A Sorte de Ser Mulher (La Fortuna di Essere Donna), ambos de 1955.

Cinema 4

Rodrigo García, filho de Gabo, se tornou diretor de cinema e fez filmes que têm pouco a ver com o universo criado pelo pai, como Destinos Ligados (2009). Será que Rodrigo encararia adaptar a obra-prima Cem Anos de Solidão?

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