Foi o poeta chileno Pablo Neruda quem comparou Gabriel García Márquez (em foto de 2005) a Miguel de Cervantes (1547-1616), autor do clássico O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha| Foto: Albert Gea/Reuters

Catálogo

Livros publicados no Brasil:

• 1955 – O Enterro do Diabo; A Revoada

• 1961 – Ninguém Escreve ao Coronel; A Má Hora; O Veneno da Madrugada

• 1962 – Os Funerais da Mamãe Grande

• 1967 – Cem Anos de Solidão; Isabel Vendo Chover em Macondo

• 1970 – Relato de um Náufrago

• 1972 – A Incrível e Triste História de Cândida Eréndira e sua Avó Desalmada; Olhos de Cão Azul

• 1975 – O Outono do Patriarca

• 1981 – Crônica de uma Morte Anunciada

• 1985 – O Amor nos Tempos do Cólera

• 1986 – A Aventura de Miguel Littín; Clandestino no Chile

• 1989 – O General em Seu Labirinto

• 1992 – Doze Contos Peregrinos

• 1994 – Do Amor e Outros Demônios

• 1996 – Notícia de um Sequestro; O Verão Feliz da Senhora Forbes

• 2002 – Viver Para Contar

• 2004 – Memória de Minhas Putas Tristes

Fonte: Agência Estado

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Fatos da vida

Primeiro conto de García Márquez saiu em 1947, no jornal El Espectador, sendo apresentado como "o novo gênio da literatura colombiana".

Anos 1940

Década marcada por boemia e pouco dinheiro, vivendo em pensões baratas de bairros pouco recomendáveis. Gabo se uniu a um grupo de estudos de Barranquilla, que se reunia diariamente na livraria de um grande intelectual, Ramón Vinyes. Ele assinava uma coluna no El Heraldo e discutia literatura com os colegas, falando principalmente sobre as obras de Albert Camus, John dos Passos e William Faulkner, esse último a grande influência literária do escritor, assumida na autobiografia, Viver para Contar, e mesmo antes, no discurso que fez ao receber o Nobel, em 1982.

Anos 1950

Enquanto escrevia seu primeiro romance, provisoriamente chamado La Casa, voltou ao povoado onde viveu os primeiros anos, Aracataca, para vender a casa dos avós, com quem passou parte da infância. Lá, teve uma espécie de epifania, ao perceber que o povoado sonolento e empoeirado que conheceu quando criança não guardava semelhanças com o que via. Mudou o título do romance e criou, então, a cidade fictícia de Macondo.

Anos 1960

Década difícil para Gabo. Como correspondente de El Espectador na Europa, recebia atrasado e passou por sérias dificuldades financeiras. Já havia escrito Ninguém Escreve ao Coronel (1958) quando sua situação ficou parecida com a do oficial do livro, à espera de uma carta que finalmente garantisse seu sustento até o fim da vida. Já casado e com dois filhos, nos anos 1960, viajou pelo sul dos EUA, mas não conseguiu visto de permanência por ser filiado ao Partido Comunista. Fiel ao comunismo e aliado dos cubanos, criou em Cuba um curso de cinema.

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Depois de semanas internado com infecção pulmonar e das vias urinárias, morreu ontem, aos 87 anos, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, ganhador do prêmio Nobel de literatura de 1982. Ele estava em casa, na Cidade do México, onde viveu por mais de 30 anos – nos últimos deles, enfrentando problemas sérios de memória.

A família, com exceção do irmão Jaime García Márquez, evitou vincular seus problemas de saúde ao mal de Alzheimer. A última aparição pública de García Márquez, ou Gabo, como era chamado pelos amigos íntimos, foi em seu aniversário, em 6 de março. Ele sorriu para os jornalistas, mas não falou com a imprensa.

Figura mais popular da literatura hispânica desde Cervantes, García Márquez ficou conhecido como um dos pais do realismo mágico, gênero literário desenvolvido nos anos 1960 e 1970 e caracterizado pela inclusão de elementos fantásticos no cotidiano ordinário.

De todos os seus livros, cujas vendas alcançaram mais de 50 milhões de cópias, o mais lido certamente é Cem Anos de Solidão (1967), épico sobre uma família fictícia, Buendía, numa cidade imaginária, Macondo.

Nele, o escritor mescla lembranças pessoais a acontecimentos extraordinários, antevendo o próprio drama pessoal que enfrentaria na velhice (uma cidade inteira perde a memória no livro).

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Ele é autor também de O Outono do Patriarca, Ninguém Escreve ao Coronel, Crônica de Uma Morte Anunciada e O Amor nos Tempos do Cólera, seus romances mais populares. Gabo também é associado aos nomes mais representativos do chamado new journalism, corrente do jornalismo marcada pela liberdade com que são retratados fatos reais, à qual pertence o norte-americano Tom Wolfe.

Aos 20 anos, Gabriel García Márquez mudou-se para Bogotá, onde estudou Direito e Ciências Políticas sem, no entanto, obter o diploma, começando a trabalhar um ano depois como repórter do jornal El Heraldo, em Barranquilla. Ele também foi crítico do El Espectador, antes de partir para a Europa, em 1961, como correspondente estrangeiro. Sua obra jornalística completa foi publicada no Brasil pela editora Record.

Em 1967, com Cem Anos de Solidão, ele conquistaria o mundo literário, recebendo do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) seu maior elogio: "É o melhor romance escrito em castelhano desde Cervantes". Seu último livro foi publicado em 2004, Memória de Minhas Putas Tristes.

Cinema 1

García Márquez se dizia um "cineasta frustrado". Ele esteve envolvido com o cinema ao longo de quase toda a vida. O cinema retribuiu o afeto, levando para as telas mais de 20 adaptações de suas obras literárias.

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Cinema 2

Estudando cinema na Itália, ele aprendeu muito, mas colocou pouco em prática e dizia que sua experiência no cinema se resumiu à função de terceiro assistente em um filme de Alessandro Blasetti, afastando do set os curiosos.

Cinema 3

Durante as filmagens, ele conheceu Sophia Loren no auge da beleza. Ele não diz que filme era, mas pela época pode ser tanto Bela e Canalha quanto A Sorte de Ser Mulher (La Fortuna di Essere Donna), ambos de 1955.

Cinema 4

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Rodrigo García, filho de Gabo, se tornou diretor de cinema e fez filmes que têm pouco a ver com o universo criado pelo pai, como Destinos Ligados (2009). Será que Rodrigo encararia adaptar a obra-prima Cem Anos de Solidão?